- Um para quando a situação pede um leve sorriso (normalmente com a emissão de um "Hum-hum" breve).
- Um mais encorpadinho, com dentes à mostra, e tendência variando entre "Ran-Ran-Ran" e "He-He-He".
- E aquela que passou a me caracterizar nos corredores do ambiente de trabalho: a gargalhada. Esta não se compara à da Fafá de Belém, claro. Mas surpreende aos que a escutam pela primeira vez. É alta, aguda e tem um crescendo característico de quem está desfrutando bastante do momento.
É bastante libertador reconhecer-me com o direito de sorrir. Parece algo absurdo ou insignificante a ser pensado. Entretanto, para mim não o é, nem sequer um pouco.
Durante muitos anos de minha vida, fui proibida de sorrir.
Não, você não leu errado! Isso, de fato, aconteceu.
A mulher vista por muitos como eternamente feliz, serelepe, incapaz de ter problemas de grandes ordens, teve momentos de alegria questionados.
Como isso me doeu (calada, mas doeu)!
Proibir de fazer uma das coisas que mais amo foi como receber um tiro de fuzil no peito. Feriu, ardeu, incomodou. E deixou cicatrizes.
E me intimidou. Deixei-me intimidar.
Não sabia o que fazer. Queria evitar a briga, como fiz durante tantos anos. Odeio brigas, escândalos, barulhos. Odeio.
O pesar permanece, ainda hoje, enquanto desbravo essas palavras com os leitores. Entretanto, a vontade de compartilhar a ferida é maior do que qualquer orgulho incomodado.
Não quero criar um carrasco, uma figura inimiga digna de desenhos animados. Até porque quem o projetou não fui eu. Ele, simples e (in)felizmente, existiu em parte de minha realidade.
A vontade, então, ao me descobrir capaz de não prender mais risos e demonstrações felizes de viver, é dizer-lhes que nunca hesitem de sorrir. É um bom exercício facial, faz bem às células, contagia e recarrega as energias consumidas em nosso dia a dia.
E gargalhe com gosto! Nem se importe com quem faça caras estranhas. Sinta que pode abraçar o mundo naquele instante em que o seu único desejo é parar o tempo - e dizer para si mesmo que a vida é capaz de ser muito melhor.
Porque, no final do dia, descobrirá que o que realmente vale é permitir-se ser feliz.