domingo, 27 de julho de 2014

Em terra de maquiagens excessivas, quem as dispensa é mais feliz (?)

Uma das maiores estupidezes humanas é se aceitar em favor de alguém. É depender de um sistema de aplicação de pontos estrategicamente impostos como moedas de convívio social pacífico. Noto isso por ter sido estúpida. Ao menos, percebi o erro antes de acreditar nele. E eis um novo problema moderno: a crença cega, abundante e sem fundamento na lógica do erro.

Para cada desvio de rota, tendemos reiteradamente a confiar nas próprias desculpas (muitas vezes) ilógicas a 'perder tempo' em acertar a direção. É por isso que há muitos espertos para pouca inteligência no que usam. Ao nos voltarmos para a sensação do deslize, nos sentimos mais seguros em escolher justificativas como quem tira cartas de um baralho (que, em minha sensação, já está bastante viciado).

Ando errando. Comigo, contigo, conosco. O pior não é errar. O grave é saber-se errado e persistir no novo vício social: a justificativa barata levada a sério. Incomodo-me pelo modo com que levo os impactos alheios em minhas produções diárias. Sejam elas práticas ou ideológicas. Como uma pessoa teimosa e ansiosa (combinação tendenciosamente perigosa, a depender da dose utilizada), venho querendo adiantar comportamentos de aprovações alheias que, honestamente, podem ser dispensadas.

E o que somos se não feitos de incertezas? Então, depender de afirmações sociais num ambiente em que todos estamos perdidos em nós mesmos é nos direcionar ao afogamento em um mar de ilusões, até agora, confortáveis. Por isso, ao perceber o destino final, é que estou decidindo desligar o piloto automático, pisar no freio, trocar a marcha e atentar mais para os caminhos à frente e atrás (estes últimos para que me lembrem por onde cheguei e se quero permanecer nessa estrada).

Ando andando tanto que de tanto querer chegar não enxergo os arranhões que ando provocando e provando serem inúteis. Estupidez a minha querer fazer diferente sendo mais dos mesmos tantos 'diferentes' que existem por aqui, ao redor. Sendo assim, paro, reparo (com aquele ar de quem fica bastante chateada por errar naquilo que mais anteriormente desprezava) e retomo a ideia de que neurônios são muito preciosos para serem perdidos com dependências externas.

Na música a qual aprecio muito, "Everybody is changing" (Keane) todo mundo muda enquanto o protagonista de sua própria história não. E não quero me sentir refém de um roteiro mal escrito e de mau gosto da minha vida. Então, começo a estudar melhor a posição do peão neste tabuleiro social. Afinal, é mais gostoso e produtivo ser dependente de autodescobrimento (do que se gosta ou do que se repulsa, sem falso moralismos) do que buscar travestir felicidade numa máscara de Nosferatu.

domingo, 20 de julho de 2014

Entre piscadas, risadas e Seu(s) Madruga(s) - Entrando na pista virtual

Aderi, há poucos dias, à turma dos sites de relacionamento. Não resisti! Para quem não costuma sair o suficiente (porque usa a desculpa de não conhecer muita gente na cidade) e, quando sai, não se sente à vontade olhando para aquele cara cuja capa te atraiu (timidez é lasca mesmo), então, o caminho mais fácil da antissolteirice (neologismo necessário!) é se mostrar online.

Calma! Não é fazer vídeos cujos conteúdos são questionáveis ("ok" se você gostar, mas não sou desse tipo). A tônica é deixar dados pessoais e profissionais (teoricamente verdadeiros. Teoricamente mesmo!) para que o visitante de sua página (que só acessou por causa da sua melhor foto de perfil - cuidadosamente selecionada, especialmente aquela que não está sobrecarregada no picasa ou photoshop) te mande uma mensagem ou até uma piscadinha.

Sim! Há piscada virtual (não, não sou marciana, apenas achava que isso era muito mais ficção do que realidade virtual)! Devo confessar que ri (risadinha incrédula) quando vi o tal botão. E não resisti. Fiz cara de "Dênis, o pimentinha" e apertei o danado logo no primeiro dia de site. Por que não, né? Ao menos, se eu for rejeitada, o outro não verá a minha cara de "hummmm, esse aí está se achando, hein?". E mais tentativas existem para uma aproximação virtual. Desde a cor dos seus olhos até a sua renda mensal. Do mínimo de escolaridade exigido pelo seu cérebro até saber se a pessoa quer ter filhos um dia. Da quantidade de vezes que você costuma sair até saber se o outro se acha bonito/lindo/interessante.

E há espaços para demandas. Você faz uma lista (longa ou não) que vai deixar o visitante (in)satisfeito em querer bater um papo. Mas, como somos seres humanos, há umas pérolas no caminho virtual. E como há! Desde figuras que são a cara (e as rugas) do Seu Madruga e que dizem ter 34 anos, até aqueles que nem sabem copiar frases feitas - pois pegam de um site tosco que escreve "cortir" ou "inportar" como se esses vocábulos veramente existissem.

Há os românticos (que querem amar alguém, mas devem odiar o próprio idioma: "muito carioso cavalheiro antercioso"), os sem rodeios ("quero casar, alguém se habilita?"), os esperançosos ("amar alguém é ser o único a ver um milagre invisível aos outros"), os filósofos ("O perfeito exige perfeição isso está longe de mim! Uma simples mortal me basta!"), os que gostam de ver para crer ("Eu diria que amar é, acima de tudo, sentir-se à vontade. Sem pressa, sem regras estabelecidas. O amor é respeito. Tenha FOTO!"), os amáveis - mesmo com cedilha ("so nao me ama quem nao me conheçe !"), os fogosos ("moreno apaixonante, simpatico, muito safado, cavalheiro e de bem com a vida!!!!") e os que não têm papas na língua ("perfis que não me interessam... 3 - Mulher feia... 8 - Mulheres com antecedentes criminais ou foragidas da Justiça").

Ou seja, não há apenas oportunidades para se arriscar um papo, mas há o risco de não levar esse cenário a sério. Há sinceridades que assustam, enquanto há outras que nos fazem perceber que podem ser mais engraçadas que alguns vídeos famosos do YouTube. O importante disso tudo, mesmo sabendo que estarei tirando uma pequena parte das minhas economias, é que a pista virtual é um excelente ambiente para se estudar comportamentos. Um prato cheio aos cronistas atentos às necessidades humanas (e aos humanos necessitados).

Enquanto não tenho coragem para manifestar interesse por aquele que, por ventura (ou aventura mesmo), me clame a atenção ao vivo, causando até hamster na barriga (para entender isso, recomendo, piamente, assistir ao filme "Com amor... da idade da razão"), então, sigo na plataforma virtual. A conquista das risadas espontâneas, ao menos, já valem a pena. Ou melhor, as clicadas. ;)