sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Complexo de Cinderela - Capítulo 1


"Existe somente um instrumento para obtermos a "libertação", e esse é emancipar-nos desde dentro".
(...)
"POr que as mulheres têm tanto medo? A resposta a essa pergunta se acha na raiz do Complexo de Cinderela. A experiência tem algo a ver com isso. Se você não sair e agir, permanecerá para sempre temerosa dos negócios do mundo".
(...)
"A tese deste livro é a de que a dependência psicológica - o desejo inconsciente dos cuidados de outrem - é a força motriz que ainda mantém as mulheres agrilhoadas. Denominei-a "Complexo de Cinderela": uma rede de atitudes e temores profundamente reprimidos que retém as mulheres numa espécie de penumbra e impede-as de utilizarem plenamente seus intelectos e criatividade. Como Cinderela, as mulheres de hoje ainda esperam por algo externo que venha transformar suas vidas".


Estes valiosos e um tanto intrigantes trechos foram tirados do livro com o qual me enriqueço atualmente: Complexo de Cinderela (de Colette Dowling), escrito em 1981, pela editora Melhoramentos. Aliás, a edição que tenho é mais velha do que eu =)

Bem, não vou estender-me por enquanto sobre o assunto.

Mas adianto-lhes que apenas estando no segundo capítulo do livro há de se convir que a mulher que em mim se constroi (em passos cambaleantes por não compreender - ainda- ao certo o meu papel na fase adulta) definitivamente está se estruturando melhor.

Um abrir de olhos com colírio sulfuroso (não sulfúrico, pois já estava um pouco preparada para o que viria no texto).

Não posso deixar de lamentar o triste papel que mulheres assumem de meras geradoras. Crendo nos homens como seres pensadores.

Mas continuarei a discussão depois.

Esse foi apenas meu primeiro capítulo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mais uma balada da vida

Este fim de semana fui (novamente) pra uma boate.
Mais precisamente a tal Nox.

Nox é sem noxção.

Tutchi, Tutchi, meninas de vestidos curtos e fartas comissões à mostra, rapazes de camisetes coladas e cabelos de boi lambeu, drinks, luzes baixas, som altíssimo, cheiro inquietante de gelo seco, olhares debochados e debochantes, conversas derretidas (porque mole é pouco), revista na entrada, banheiro onde secadores são o paraíso e finalmente o preço (caro) de aguentar mais um momento de vazio.

Talvez não precisamente vazio por inteiro.

Eu, como sempre, continuei a observar o ser humano.

Minha amiga foi minha companheira. Grazi queria se divertir. Eu quis agradá-la.
Mas não agradei-me.
Não gosto daquele lugar.

Boates são templos não apenas de vaidade mas de danças do acasalamento e de rituais de fuzilamento.

Riquinhos se misturam aos que podem nem ter o que comer direito mas juntam tudo para estar ali.

Risadas altíssimas e estridentes marcam entre os passinhos de pra lá e pra cá.

Todos parecem robôs.

Lembra Admirável Mundo Novo (de Aldous Huxley), em que o prazer se torna programável.

É tudo tão artificial que até um sorriso por mais verdadeiro que seja não sai verdadeiro.
Tem que ser alto pra o ouvinte perceber que seu comentário valeu a pena.

Estive a conversar com dois colegas de minha amiga.

Se esforçaram.

Foi bom pela companhia a mais. De ir e tentar não ficar observando os demais, aqueles seres gasosos.

Não deu.

Não consigo.

Será que sou anormal?

Nunca conseguirei ir numa festa sem deixar de reparar no quanto as pessoas têm para produzir e nada produzem?

Sei que são necessários momentos de escapismo. Mas aquilo é fugir de vez ao racional.

Enfim, aprendi a lição.

Nox e cia nunca mais. Nem pra ter a oportunidade dissimulada de querer conhecer um gatinho pra ficar com ele e trocar telefone.

Aliás, essa é outra boa discussão.

Por que eu tenho que beijar uma pessoa que não conheço? Ainda mais num ambiente de vazios.

O verbo ficar não se conjuga comigo.

Eu na verdade nunca o entendi direito. O processei.

Sempre fui de movimento, de mudança. Ficar num lugar por muito tempo é inquietante.

E no sentido de beijar um desconhecido e ir embora (ou talvez trocar - falso até - telefone) é tão... animalesco.

Não sou normal.

Aliás, não faço parte dessa coletividade animalesca.

Sou do tempo mental da paquerinha.

Conhecer, jogar charminho, trocar conversas (produtivas, de preferência), dar risinhos corantes, ficar na dúvida (será que é isso que eu estou pensando mesmo ou ele só está sendo legal?) até chegar o (bendito) dia do beijo ou do '' quer namorar comigo?''.

É tão mais denso. Mais aventureiro. Mais prazeroso. Mais humano.

Um dia eu volto a me sentir assim.

Gosto disso.

Mas até achar uma mente produtiva, bem-humorada e otimista vamos continuar com o status (até algum tempo preocupante - olha aí as cobranças internas que parecem vir de fora) de célibataire (solteira, em francês - sim, meu orkut está em francês... nada de antinacionalismo, mas é para praticar o idioma =D).

Há quatro anos estou no célibataire.

Aliás, e por que as pessoas têm que ter aquele ar (muito desesperador) de ''mas é melhor só do que mal acompanhado'' (isso dá dor no ouvido com essa regência deturpada - porque não pede a preposição ''de'' ... lá vou eu e minha mania de querer perseguir o português correto. Hum... perseguir português... bem, homem português, apesar de fazer parte de minha essência progenitora, não me clama a atenção... vai ver é a revolta pela colonização... mas esse é outro post)?

Sim, não tenho dúvida de que mal acompanhada nunca.

Mas dar desculpa pela solidão de relacionamento amoroso é um tanto frustrante.

Bem, mas me estendo demais. Comme toujours.

Amo escrever. Já disse.

E tenho tantas ideias, que as formulo enquanto caminho desvairando pelas ruas agitadas e aquecidas da cidade.

Porém escrevê-las é que são elas.

Hum, e quem são elas?

Esta, é uma outra história.

Beijos e me escrevam ;)



p.s.: está aí. Talvez não saibam, mas é tão importante se sentir ''lida''. Pronunciem-se, um ou dois leitores.
É a angústia de jornalista. Sem leitor, nada somos. (final lancinante, mas necessário para a autora)

domingo, 20 de setembro de 2009

Minha filosofia da felicidade por Martha Medeiros

Ser feliz não é pecado
Martha Medeiros*

Felicidade é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo

A felicidade é desprezada por muita gente. A pessoa feliz sofre o preconceito de parecer uma pessoa vazia, sem conteúdo. No entanto, algo ela tem, senão não incomodaria tanto. Será que é porque ela nos confronta com nossa própria miséria existencial? É irritante ver alguém naturalmente linda, rica, simpática, inteligente, culta, talentosa, apaixonada e, ainda por cima, magra! Essa ninfa nunca ouviu falar em insônia, depressão, dívidas, mousse de chocolate?

Os felizes ainda estão associados ao padrão "comercial de margarina", portanto, costumam ser idealizados - e desacreditados. É como se fossem marcianos, só que não são verdes. Por isso, damos mais crédito aos angustiados, aos irônicos, aos pessimistas. Por não aparentarem possuir vínculo com essa tal felicidade, dão a entender que têm uma vida muito mais profunda. Você é feliz? Não espalhe, já que tanta gente se sente agredida com isso. Mas também não se culpe, porque felicidade é coisa bem diferente do que ser linda, rica, simpática e aquela coisa toda. Felicidade, se eu não estiver muito enganada, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo.

O psicanalista Contardo Calligaris certa vez disse uma frase que sublinhei: "Ser feliz não é tão importante, mais vale ter uma vida interessante". Creio que ele estava rejeitando justamente esta busca pelo kit felicidade, composto de meia dúzia de realizações convencionais. Ter uma vida interessante é outra coisa: é cair e levantar, se movimentar, relacionar-se com as pessoas, não ter medo de mudanças, encarar o erro como um caminho para encontrar novas soluções, ter a cara-de-pau de se testar em outros papéis - e humildade para abandoná-los se não der certo. Uma vida interessante é outro tipo de vida feliz: a que passou ao largo dos contos-de-fada. É o que faz você ter uma biografia com mais de 10 páginas.

Se você acredita que ser feliz compromete seu currículo de intelectual engajado, troque por outro termo, mas não cuspa neste prato. Embriague-se de satisfação íntima e justifique-se dizendo que é um louco, apenas isso. Como você sabe, os loucos sempre encontram as portas do céu abertas.

Rita Lee, que já passou por poucas e boas, mas nunca se queixou de não ter uma vida interessante, anos atrás musicou com Arnaldo Batista estes versos: "Se eles são bonitos, sou Alain Delon/ se eles são famosos/ sou Napoleão/se eles têm três carros/ eu posso voar". Também faço da Balada do Louco meu hino, que assim encerra: "Mais louco é quem me diz que não é feliz".

Eu sou feliz.


* (Zero Hora, 16 de dezembro de 2007)

Texto retirado de um concurso público.
Belo incentivo para perceber que mesmo ainda não tendo o sonhado cargo, nada custa continuar com momentos valorosos de felicidade ao perceber a inteligência de compreendê-la na singeleza de poder viver.

À quoi ça sert l'amour?

J'aime bien ce vidéo:

http://www.youtube.com/watch?v=aDOiWOlltzI

Alors, à quoi ça sert l'amour?
:)

sábado, 12 de setembro de 2009

Refletindo o otimismo (A missão)

O que se faz quando refletimos bastante para perceber o quanto temos a refletir?

E agir também!

The world is not enough, I know.

Mas se este mundo não é o bastante por que ainda o conhecemos tão pouco?

Estava em mais um de meus devaneios esta semana e descobri um de meus papéis nessa minha passagem pela Terra (além de refletir, claro): levar positividade.

É.

Parece algo um tanto vago.

Mas não o é.

Estou descobrindo que muitas pessoas ao meu redor (um redor que não conhecia ... e sei que ainda vou demorar a conhecê-lo bem) sofrem de um mal que atinge o ser humano desde que começam a "adultescência": o pessimismo.

E consequentemente o mau-humor, a descrença, desesperança, tristeza, estresse... e uma série de fatores que só nos trazem mágoas físicas e psicológicas.

Sentindo-me como uma exterminadora de tristezas embarco nessa missão, começando por mim mesma. Sem deixar sentir a dor a qualquer deslize que por ventura surja no caminho sinuoso da vida.

Aliás, gosto muito da ideia que alguns adotam como a vida sendo um livro em branco. Ou até, diria, como um filme a ser eternamente filmado (sem cortes).

Meu livro filmado é uma aventura, comédia, ainda sem romance digno da diretora-atriz, e, por quê não, ficção científica.
Afinal, as experiências químicas que faço nas mentes daqueles que me rodeiam têm o seu lado científico.

Talvez nem seja levar otimismo, mas ajudar a despertar algo que anda guardado, trancado em muita gente.

É um desafio. Nem todos estão preparados. Muitos se incomodam e tentarão desanimar-me. Eu o sei.

Mas quem disse que a vida sem desafios seria melhor?

;)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Comédie X Tragédie du Monde

L'orkut m'a dit aujourd'hui:

"Ce monde est une comédie pour ceux qui pensent, une tragédie pour ceux qui sentent."

J'ai aimé l'idée.

Oui, certainement le monde functionne comme ça.

C'est à cause de ça que je pense à travers ma praxis quotidienne ;)