Vida afinal?
Será que é fazer
O que o mestre mandou?
É comer o pão
Que o diabo amassou?
Perdendo da vida
O que tem de melhor"
(Verdade Chinesa)
Hoje meu estômago acordou embrulhado.
A garganta, travada.
Os pulmões, enrugados.
O coração, apertado.
A energia da música me informava, de uma forma física, a perda de mais uma voz. O brilho marcante e amável de Emílio Santiago se foi.
O mês de março, de repente, tornou-se o mês das despedidas. Chávez, Chorão, Emílio e o pai de um querido colega.
Aos goles de um chá de boldo, sem adoçante, meu estômago pode até me deixar desembrulhá-lo, porém, a inspiração segue restrita. O oxigênio chega fraco, como água com açúcar para abrandar o coração abatido.
E a morte, que prende os que ficam à saudade, incomoda-me!
Todos os conhecimentos teóricos sobre ela caem por terra (e se enterram). É quando a pele encontra o espinho da rosa (vermelho-sangue pulsante) da vida que passamos a encará-la sem o olhar, até há pouco tempo, inocente.
E quanto mais corremos desse roseiral, mais nosso tecido cutâneo se machuca. E mesmo o Merthiolate ainda o faz arder!
Fugir seria se esconder atrás do vento.
Encarar é saber apreciar a estufa, reconhecendo que há passagens extremamente espinhosas. A questão é não parar num lugar mais confortável e por lá se acomodar.
O medo nos deixa alerta, faz o sangue percorrer as veias mais friamente. Mas ele tem que ser revisto, pois, em vez de ser uma ferramenta de proteção, o receio constante nos congela, aprisionando-nos a ponto de um equilíbrio cômodo e obsoleto.
Precisamos ultrapassá-lo, como numa corrida contra si mesmo. Ou seria a seu próprio favor?
Sim! Podemos até apressar os passos a nosso caro favor!
E quem sabe se, mesmo com os espinhos do labirinto factível, o perfume das rosas não nos faz querer perceber que anoiteceu. Olhar para o céu e ver como é bom ver as estrelas na escuridão!
Pois o que vale é o sentimento e o amor que a gente tem no coração!