Sinto-me presa.
Uma âncora na garganta que me prende no fundo de um oceano profundo de frustrações.
Falta ar.
Quero subir à superfície, mas tenho medo de que um nó de marinheiro ate as minhas mãos para que não consiga chegar à terra firme.
Os peixes estranhos que perpassam ao meu redor me encaram curiosos, posso até jurar que me ofertam sorrisos. Alguns, apontam suas barbatanas em direção ao Sol. Dançam em círculos obtusos ao redor de meus olhos confusos.
Quero subir à superfície, mas meus pés parecem estar acomodados ao plano arenoso.
Há tubarões impávidos rondando por entre os arrecifes, como num sinal de demarcação territorial.
Porém, são as arraias que me assustam. Estas, que voam com suas asas aquáticas pelo cenário aparentemente calmo, trazem discretos ferrões em suas caudas. E estes, por sua vez, me endurecem o espírito, congelando melhores expectativas que possa ter em relação às minhas causas próprias.
Quero subir à superfície e meus pulmões inundados se abraçam ao meu coração enlameado de paixões ressecadas.
Meu fôlego resvala. As últimas moléculas de oxigênio vão escapando se eu seguir neste mundo subaquático, aparentemente encantador, mas, em verdade, agoniador.
Então, num impulso meu desequilibrante, que me toma o último átomo de oxigênio, começo a subir em direção à superfície que estranhamente me cega - talvez pelo brilho que me aguarda, talvez pelo futuro incógnito que me espera. Ambas ótimas razões para ousar sair do que me afunda.
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