Confesso que a minha timidez me atrapalha bastante (ao menos para os que desconheço), mas hoje ela parece ter esvanecido subitamente. Provavelmente o propósito da situação (e do local) fez com que a minha melhor 'arma' (meu sorriso) despertasse aproximações importantes, para o meu trabalho e para a minha caminhada diária de reflexões.
Numa tarde chuvosa, numa sala de vidro, cercada por um verde frio e envolvente, em um dos lugares preferidos de Brasília (talvez por ceder tão bem espaço à cultura), vejo-me aprendendo a viver melhor em sociedade. Fui para trabalhar para uma revista, voltei para trabalhar a minha vida.
"Não quero que me aplaudam porque eu sou uma pessoa com deficiência. Eu quero ser aplaudida por dançar bem e não por causa da minha limitação física".
A dançarina contemporânea, com simpatia firme e nordestina, confessou aos presentes o que podemos começar a perceber ao redor. Perceber que o mundo não é só feito de BBBs, de quem deixou a peça íntima de fora (sem querer querendo muito), ou de seriados e novelas com tendências cada vez mais sanguinárias.
Não quero polemizar. Ou talvez o queira, se polemizar significa propor uma reflexão (afinal, a contemporaneidade adora uma polêmica).
O que de fato é importante? Seguir na linha do "é assim mesmo e nunca vai ter jeito"? Ou pensar que se pode usar, de verdade, os seus neurônios para escutar quem está do seu lado (no trabalho, na vizinhança, na comunidade) e buscar soluções para problemas que persistem desde que o mundo estabeleceu o conceito de "status quo"?
Não resolvi o problema das novas colegas que conheci hoje. Não salvei o mundo e nem conquistei a paz mundial (o complexo das misses). Mas me vi feliz em ter consciência de algumas de minhas potencialidades nesse mundo de extraordinários (cada qual com os seus selfies melhores que os outros, mesmo cometendo crimes de terceiro grau contra a língua portuguesa - "não mim invegi, naisça di novu").
Sozinha? Nada! Tem gente que quer fazer algo, como eu quero. Sem superpoderes. Apenas aproveitando melhor os dias.
Até porque eu prefiro sair da caverna de Platão a ficar nela, que ainda é alimentada a doses cavalares de mitos.
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