domingo, 16 de novembro de 2014

Inominável

Sugestão de trilha sonora: Felicidade (Marcelo Jeneci)

Há surpresas que nos marcam sem palavras que a definam. Apenas sentimentos que tornam o peito apertado de lembranças iluminadas. Sejam pela beleza de seus simples encantos dos dias, pelas pisadas na praia que fixam mais do que areia sob os seus pés, pelos gostos do amor deixados no nhoque carinhoso e saboroso preparado pela mãe, pela evolução nas cantorias, pelo reencontro com pessoas que foram (e ainda o são) importantes em seus traços pessoais ou pelos sorrisos de constelação divididos com alguém agora querido.

Ideias traçam mais do que caráter. Elas são capazes de nos libertar de amarras sociais inúteis impostas pelo fato de ser humano. As consequências de nos guiarmos pelos pilotos automáticos que nos enchem diariamente os ouvidos escancarados são fatais para os corações alados. Imagine para aqueles musicais!

Por isso, vivo em constante redecoração interna de ideias. Porém, algo é pensá-las. Outra é presenciá-las. E, nas últimas duas semanas, foi isso o que me ocorreu. Fui ao encontro de uma ideia simples de um presente meu a quem me importa. Fui presenteada simplesmente com importâncias encontradas.

Apaixonei-me pelas representações de algumas ideias. De palco, de rumo e de batidas cardíacas. Pela luz (mais algumas vezes) enxergada em mim e pela própria falta de nome que a tudo isso se dá. Pela pura beleza de ser e sorrir em semibreves momentos.

Quando a realidade te embalar em sonho outrora esquecido ou desacreditado, levante e exponha os molares, caninos e incisivos. Insista em ter momentos felizes, pois é muito bom saber que, em meio a tantos gases lacrimogênios de ódio que nos circundam (e tentam nos sufocar), podemos ser bem surpreendidos em minutos e horas que compassam acordes harmônicos. Daqueles que nos deixam com ponta interna e firme de orgulho por vivê-los.

Por isso, convenço-me de sentir o aperto da saudade no abraço das boas lembranças. Um conforto paliativo, admito. Porém, pior seria se elas não houvessem existido. Agora, escuto novamente o concerto desses momentos que me garantiram notas sublimes refletidas em sorrisos internos de satisfação. Em simplesmente perceber-me suscetível à felicidade.

Sujeite-se a isso também. Verá que é inominável, praticamente inexplicável, mas sobretudo humano. Inesquecivelmente humano. :)

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