segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ah, Coragem

Não me lembro onde perdi a mão dela!
Estava bem próxima de mim durante tanto tempo.
E num piscar demorado de olhos, pluft, ela se foi.

Era uma parceira de aventuras, uma amiga incansável.
Sobrava-me tempo até para querer mais.
O presente era mais intenso e menos questionado.
Numa dança constante pelo alcance desafiado.

Olhei para o céu, por um instante.
E no abobalhar desprendi-me do que me impulsionava.
A graça e a disciplina estrita me puxaram as mãos.
Passava a nem ter mais os pés tão leves de outrora.

Botinas me guiaram a direções menos cômicas.
E o interior da mente se expandiu num mar balsâmico.
A calmaria rendeu-se ao título de paisagem intocável.
Nas aparências polidas escondiam-se potências duvidadas.

Se saudade pusesse temor ela, então, não buscaria ressurgir.
Para que a mulher em constante imposição
Pudesse elaborar um reconhecimento infeliz
De que a vida sem ela a destrona de aprendiz (como bem sempre quis).

Então, onde ela estará?

Em meio ao medo que persiste em se travestir de conforto sutil, repenso em aprender a procurá-la.

Faço da minha falta de autodesafios em exercícios aeróbicos um bloqueio de benquerença.

E nas atividades simples secarei as possíveis lágrimas de angústia antecipada para dar lugar, mesmo que em passos desequilibrados, à busca por ela que já me fez tão melhor.

É nela que minhas mãos preferem se apegar.

Que o medo se prepare para que o equilíbrio libriano faça acontecer, enfim. Ou melhor, em começo de uma boa caminhada.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Descoberta inevitável (e benquista)

Há alguns posts questionava o amor.

Venho, então, retificar o desconhecimento deste bendito e intrigante sabor da vida. 

Como não reconhecê-lo? Ou experimentá-lo tão de perto, close suficiente para brotar sorrisos espargidos em cada membrana celular de meu corpo esguio?

Amar-se é impulso para o bem viver. A tal da qualidade de vida, buscada nos debates sociais, começa por dentro. E sem teorização vetusta, por favor!

Já experimentou cuidar de si? Caminhar sob o Sol sentindo o carinho dos raios penetrando em cada traço de sua epiderme? Saborear cada gole de água minerando as suas glândulas salivares? Permitir-se sentir o vento em seus cabelos (mesmo que acabe produzindo um nó digno de marinheiro)? Olhar para o mapa no final de suas extremidades superiores e descobrir caminhos percorridos e a serem desbravados? E até admirar os seus incisivos num exame rotineiro de raio-X panorâmico?

Loucura ou egoísmo exacerbado? Amor próprio! É gostoso e recomendo!

É bem mais tentador ingerir comidas descartáveis e impuras de saúde. Mas o tempo a mais dedicado ao preparo atento e gentil de um bom e saudável prato é mais tempo de oportunidades a frente.

Venho ratificando a teoria de que abdominais servem como grande provação de amor. Quem as faz com gosto (sabendo do esforço que cada subida e descida valem) conhece o que é se respeitar. Manter o pique é difícil, muitas vezes desestimulante (pelo lado da preguiça). Mas quem disse que o amor não pede provas constantes de manutenção?

Respeitar-se é viver sem fronteiras. É diplomar-se em direção a uma vida mais justa. Afinal, com amor se tem mais chances de enxergar arco-íris no fim da montanha de cada dia.

A partida é do autoconhecimento. É mais fácil elaborar resenhas sobre a Teoria do caos do que sobre você mesma(o). Porém, como é bom descobrir, por exemplo, que recarrega a sua energia admirando as nuvens, comendo pão doce com ovo frito ou lendo Luis Fernando Verissimo!

Já experimentou ler o que de fato gosta? Fundamental presentear a mente com o prazer das letras justas de um autor admirado.

Recentemente, peguei-me admirando as minhas novas curvas braçais. Os bíceps 'de sempre' se prontificavam mais empolgados a cada passar do fio dental. Até a escovação pareceu tornar-se mais interessante.

Na composição semanal, estou procurando harmonizar alimentação e exercícios físicos e mentais. Evitar se agredir com gostos amargos e desleixados é fundamental na caminhada.

Até porque não ter preguiça de se cuidar é reconhecer a melhor oportunidade de investimento. Visto que para ser amada(o) é preciso se amarrar a quem melhor lhe representará em qualquer situação: você mesma(o).

Para quê se entupir de frivolidades se os espaços internos podem ser muito bem preenchidos de cuidados?

Então, que autodescobertas, saladas, pilates, gostos e leituras prazerosas integrem a realidade mais válida dos que desejam viver bem. E viva o próprio amor!

sábado, 11 de maio de 2013

Escrita do ser

Estranho seria se eu fosse comum, mais uma na linha de produção em série.

Os meus botões tons de lilás bordô (por que não podem ser diferentes?) refletem diante de uma pergunta simples depreendida após a elaboração de um artigo da pós: conseguirei elaborar a tal monografia exigida, sendo acadêmica a ponto de não identificar a minha própria escrita?

Se não sou uma mera cópia, então por que minhas sementes seriam?

Amo escrever como um pássaro ama voar. É algo necessário e prazeroso.
Penas ao vento são como os dedos a curtirem o sobe e desce das teclas do notebook.
Até os calos rosa avermelhados, causados por uma escrita descarregada em Bic azulada durante um momento de dispersão mecânica, não me impedem de seguir amando a escrita.

Independente da pauta, minha paciência e minha dedicação à inspiração entusiasmada seguem a pressões firmes em cada letra agrupada, sílaba formada, frase originada.

E assuntos diversos se fundem naturalmente, como dançarinos de ritmos variados unidos numa grande performance: Comunicação, Biologia, História, Física, Direito... São tantas áreas que pedem espaço em minha fértil mente que não tenho como negá-las atenção, em especial pelo meu senso benevolente de ser.

A natureza investigativa não me deixa uni-los sem a devida consulta à minha bússola literária: o dicionário.

Sim! Como eu gosto de pesquisar verbetes, descobrir significados, deleitar-me em meio a tantas possibilidades de me expressar melhor!

Em tempos de "agente", "quizer" e conjugações bizarras, a martelar dolorosamente a sua bigorna (a ponto de perder estribos), caçar palavras no pai dos burros original virou até motivo de surpresas humanas.

Fazer o quê se sou um ser que gosta de ser mais? Notem: ser (e não ter)! Possessividade material não perece comigo. Pesos diferentes para medidas distintas!

Sendo assim, antecipo-me a futuros questionamentos acadêmicos sobre o rumo de minha futura monografia.
Adianto as caras e indagações de uma percepção distraída de um paradigma sustentado por acadêmicos pavonados pela manutenção da ordem.

Sustentar anos de formalismo não deve ser tarefa açucarada. Ainda mais sabendo-se do veneno que a substância pode vir a ser. Defendo o direito a visões próprias. Por isso, respeito igualmente as produções diferentes. Enrijeça-se, enquanto eu planarei.

É evitando realizar um trabalho excessivamente aspeado que seguirei na ideia insigne de me fazer presente não apenas na minha assinatura, mas na impressão digitalizada das minhas proposições.

Evoco, então, a defesa do admirado Mark Twain, firmando as aspas neste texto por uma necessidade bastante justificável.

"Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra."

Então, invocando os oboés, violinos e pianos internos (instrumentos, por mim, tão cativos), sigo nessa sinfonia vital a fazer pertencer os meus padrões literários a mais uma categoria a ser considerada pela batuta dos maestros acadêmicos (e pelos não acadêmicos também). Pelo direito de ser eu mesma. Sem amarras, a postos para caretas amargas, por uma vida menos ditada.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Parecer técnico

Estou bem, mas quero mais. Conformismo não comporta espaço em mim. O que me cabe é a sensação válida de que preciso de pessoas em contextos mais dinâmicos.

A ação social ainda pouco se manifesta. A realidade se faz condicionada a percursos simples e repetitivos. Rotinas são confortáveis, mas incomodam. Um paradoxo logístico que faz entrar uma constante proteção de tela do Windows no meu painel cerebral.

Sou feliz percebendo-me uma pessoa sociável. O que me falta é achar a senha de desbloqueio interno de uma cultura de autoproteção.

Em muitos contextos sou identificada como um ser comunicativo, com habilidade simpática (e parassimpática) de convivência. Conveniente acreditar que isso me basta? Ao contrário! Ao me perceber com potencial gerenciador de sorrisos alheios é que me credito uma postura menos formal de ser.

É por não querer me sentir com um manual de fábrica integrado, buscando não ser previsível e mecanicista demais, que elaboro esse parecer técnico sobre quem vos comunica.

Afinal, recargas de imprevisibilidade incontida podem ser muito bem-vindas.