sábado, 11 de maio de 2013

Escrita do ser

Estranho seria se eu fosse comum, mais uma na linha de produção em série.

Os meus botões tons de lilás bordô (por que não podem ser diferentes?) refletem diante de uma pergunta simples depreendida após a elaboração de um artigo da pós: conseguirei elaborar a tal monografia exigida, sendo acadêmica a ponto de não identificar a minha própria escrita?

Se não sou uma mera cópia, então por que minhas sementes seriam?

Amo escrever como um pássaro ama voar. É algo necessário e prazeroso.
Penas ao vento são como os dedos a curtirem o sobe e desce das teclas do notebook.
Até os calos rosa avermelhados, causados por uma escrita descarregada em Bic azulada durante um momento de dispersão mecânica, não me impedem de seguir amando a escrita.

Independente da pauta, minha paciência e minha dedicação à inspiração entusiasmada seguem a pressões firmes em cada letra agrupada, sílaba formada, frase originada.

E assuntos diversos se fundem naturalmente, como dançarinos de ritmos variados unidos numa grande performance: Comunicação, Biologia, História, Física, Direito... São tantas áreas que pedem espaço em minha fértil mente que não tenho como negá-las atenção, em especial pelo meu senso benevolente de ser.

A natureza investigativa não me deixa uni-los sem a devida consulta à minha bússola literária: o dicionário.

Sim! Como eu gosto de pesquisar verbetes, descobrir significados, deleitar-me em meio a tantas possibilidades de me expressar melhor!

Em tempos de "agente", "quizer" e conjugações bizarras, a martelar dolorosamente a sua bigorna (a ponto de perder estribos), caçar palavras no pai dos burros original virou até motivo de surpresas humanas.

Fazer o quê se sou um ser que gosta de ser mais? Notem: ser (e não ter)! Possessividade material não perece comigo. Pesos diferentes para medidas distintas!

Sendo assim, antecipo-me a futuros questionamentos acadêmicos sobre o rumo de minha futura monografia.
Adianto as caras e indagações de uma percepção distraída de um paradigma sustentado por acadêmicos pavonados pela manutenção da ordem.

Sustentar anos de formalismo não deve ser tarefa açucarada. Ainda mais sabendo-se do veneno que a substância pode vir a ser. Defendo o direito a visões próprias. Por isso, respeito igualmente as produções diferentes. Enrijeça-se, enquanto eu planarei.

É evitando realizar um trabalho excessivamente aspeado que seguirei na ideia insigne de me fazer presente não apenas na minha assinatura, mas na impressão digitalizada das minhas proposições.

Evoco, então, a defesa do admirado Mark Twain, firmando as aspas neste texto por uma necessidade bastante justificável.

"Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra."

Então, invocando os oboés, violinos e pianos internos (instrumentos, por mim, tão cativos), sigo nessa sinfonia vital a fazer pertencer os meus padrões literários a mais uma categoria a ser considerada pela batuta dos maestros acadêmicos (e pelos não acadêmicos também). Pelo direito de ser eu mesma. Sem amarras, a postos para caretas amargas, por uma vida menos ditada.

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