"Where the streets have no name" (U2): o meu grito em forma de música.
Meus músculos já não se contraem como antigamente. Daquelas contrações que despertam calafrios de esperança. Meus calafrios doem. Incomodam. E me fazem querer gritar forte. Com peito estufado e com uma voz grave que nem sabia, até há pouco tempo, que existia.
Minha fraqueza não reside em ver infelicidades, mas em me ver pessimista, com toques constantes de angústia e desapontamentos. Minha voz não se encaixa mais com os tons de outrora.
Se costumava dar pulos constantes, hoje pulo situações da minha vida como quem pula canais de tv. Se gargalhava com qualquer ação, hoje inativa essa habilidade está. Se acreditava que a música poderia ser capaz de agregar pessoas de valores especiais, hoje caio na real.
Sinto falta do tempo em que acreditava que ter uma rotina poderia ser algo bom. Mas a minha rotina me desgasta a ponto de rasgar meus nervos. Nervos que antes pareciam ser feitos de aço, desfiam-se em tiras cada vez mais frias de cor. O colorido dá lugar ao cinza sem graça.
Pessoas machucam. Constantemente. Pessoas violam outras pessoas. Reiteradamente. Pessoas se prestam a papéis de algozes dos seres que elas mais temem e desempenham isso magistralmente.
O ar interno pesado ainda carrega gotículas de fôlego. Grito como quem merece liberdade de ser mais feliz. Liberto notas de grave que gravemente me fazem querer subir colinas, explorar desertos, afastar-me da escuridão e envenenar partículas de desumanidades espalhadas pelo mundo ao redor.
Quero correr. Cansei-me de deslizar sobre terrenos fracos e vazios. Esse caminho não merece os meus pés. Depois de quase 30 anos, aprendi que sou mais do que o que querem que eu seja. Sou mais do que me vejo. Eu grito, e meu grito atinge a alma que havia esquecido de despertar. A minha própria alma.
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