terça-feira, 13 de agosto de 2019

Condução emocional / Conduite émotionnelle


Jardim Botânico Real - Edimburgo / Jardin Botanique Royal - Edinburgh
O que me paralisa? O que me faz frear tanto ou mesmo pegar as ruas sem saída? O medo que tanto questiono e condeno ou a certeza criada em função das cicatrizes que a pele não deixa escapar? Na estrada, a trilha sonora escancara do que procuro escapar. Entretanto, há pressões atmosféricas que não saúdam bem a rajada de questionamentos sobre os "e se" que mexem na condução do veículo. Mesmo sem experiência no trânsito, por medo (ir)racional encrustado há muitos anos, a necessidade de dirigir se instala. 

Na rodovia, conduzi durante muitos anos próximo ao acostamento, por ser mais seguro em caso de crise potencial. Desejei crises ou as antecipei? Talvez ambas as opções. É mais fácil se apoiar no argumento de problemas em potencial do que experimentar utilizar as curvas da estrada e até arriscar conduzir pela esquerda. A quilometragem alta para quem está acostumada à condução da autoescola, porém, assusta e enfraquece as pernas. Então, assim, mesmo com potencial de quem poderia dar conta de um caminhão, paro o veículo por várias vezes e prefiro esperar por uma tranquilidade aparente da estrada. 

Mesmo que livros, canções e filmes tenham me estimulado a acreditar em rotas aventureiras, daquelas que tiram o fôlego e nos fazem rir sem freios, a realidade estável e sem emoções me é mais habitual. O que me falta? O cinto de segurança está sempre presente, mas a segurança interna... esta não me falta em outros departamentos. Porém, nesse contexto das emoções que te fazem sorrir para o nada ao saber simplesmente que um outro te aguarda, o status quo que tanto odeio parece me confortar fácil e rapidamente. E assim deixo a fantasia tomar conta do volante mais uma vez. 

Talvez mais essencial é saber a resposta ao que me foi perguntado recentemente duas vezes: o que procuro? "O que todos procuram", respondi. Mas será mesmo que é o que todos procuram ou sigo me apoiando em ideias reproduzidas sobre os quais nem mesmo seus autores estão seguros? A lógica do "ad populum" nunca me foi cara. Todavia, ela é usada facilmente como carta na manga em uma resposta que deveria ser menos previsível e mais pessoal. Mesmo sendo da área da comunicação, há palavras, como "pessoal", que me são confortáveis apenas no mundo das ideias. 

Então, condutora, o que procuras tu? Seguir tentando os evitamentos da estrada ou estar disposta às vezes a sentimentos nunca manifestados antes por puro medo da perda do controle emocional? Controle este que não tem a ver com loucuras degeneradas e sim com prazeres inexplorados. Como o prazer de não ligar para o que os outros pensam de uma risada gigante, ou o de poder se sentir humana fora das páginas dos livros, das estrofes das músicas preferidas ou das cenas dos filmes que tanto ama.

Para quem gosta de estudar crises, acredito que esteja mais do que na hora de não deixá-las controlar a sua rota. A condução nem sempre pode ser previsível. Pode ser segura como convém. Mas ela não precisa nos segurar das possibilidades reais do caminho. Vai haver dificuldades, como sempre há. Momentos nem sempre gloriosos. A trilha sonora pode nem sempre harmonizar com o tom natural da voz. Porém, é preciso conduzir. Então, conduza! O seu veículo certamente está pronto até para as incertezas dos vocábulos "certo" e "pronto". Liga o motor, sem esquecer do cinto e nem do sinto. Porque sentir é bem quisto. E como eu sei que isso é o que eu quero!

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Qu'est-ce qui me paralyse ? Qu'est-ce qui me fait autant freiner ou même me retrouver dans des rues sans sortie ? La peur que je questionne et condamne ou la certitude créée par les cicatrices que la peau ne laisse pas partir ? Sur la route, la bande sonore montre largement de ce que j'essaie d'échapper. Cependant, il existe des pressions atmosphériques qui ne répondent pas à la vague de questions sur les "et si" qui affectent la conduite du véhicule. Même sans expérience de conduite, pour une peur (ir)rationnelle incrustée pendant de nombreuses années, la nécessité de conduire s’installe.

Sur l’autoroute, j’ai conduit pendant de nombreuses années près du bord de la route, car c’est l'option la plus sécuritaire en cas de crise éventuelle. Voulais-je des crises ou les anticipais-je ? Peut-être les deux options. Il est plus facile de s’appuyer sur l’argument des problèmes potentiels que d’expérimenter les courbes de la route et même risquer de conduire à gauche. Le kilométrage élevé pour ceux qui sont habitués à la conduite de l’auto-école effraie et affaiblit les jambes. Donc, même avec le potentiel de quelqu'un qui pourrait conduire un camion, j'arrête le véhicule plusieurs fois et préfère attendre une tranquillité apparente de la route.

Même si des livres, des chansons et des films m'ont incité à croire en des itinéraires aventureux et époustouflants qui nous font rire sans freins, la réalité stable et sans émotion m'est plus commune. Qu'est-ce qui me manque ? La ceinture de sécurité est toujours présente, mais la sécurité intérieure ... elle n'est pas absente dans les autres départements. Mais dans ce contexte d'émotions qui font sourire au néant, sachant simplement qu'un autre vous attend, le statu quo que je déteste vivement semble me réconforter rapide et facilement. Et donc je laisse la fantaisie reprendre le volant encore une fois.

Le plus essentiel est peut-être de connaître la réponse à ce que l’on m'a récemment demandé deux fois : qu'est-ce que tu cherches ? "Ce que tout le monde cherche," dis-je. Mais est-ce vraiment ce que tout le monde cherche ou je m'appuie sur des idées reproduites dont même leurs auteurs ne sont pas sûrs ? L'argumentum ad populum ne m’a jamais été cher. Cependant, il est facile de l'utiliser comme "ayant une carte dans la manche" même pour une réponse qui devrait être moins prévisible et plus personnelle. Même étant du domaine de la communication, il existe des mots, tels que "personnel", qui ne me conviennent que dans le monde des idées.

Pour quelqu'un qui aime étudier les crises, je pense qu'il est grand temps de ne pas les laisser contrôler l'itinéraire. La conduite peut ne pas toujours être prévisible. Cela peut être en sécurité comme il convient. Mais cela n’a pas besoin de nous retenir des possibilités réelles du chemin. Il y aura des difficultés, comme il y en a fréquemment. Pas toujours des moments glorieux. La bande sonore peut ne pas tout le temps s'harmoniser avec le ton naturel de la voix. Mais il faut conduire. Alors conduis ! Le véhicule est certainement prêt, même pour les incertitudes des mots "sûr" et "prêt". Démarre le moteur sans oublier la ceinture ni la sensation. Parce que le sentiment est bien aimé. Et je sais bien que c'est ce que je veux !

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