Dois curtos fios brancos e uma vasta tecitura de questões.
O que me conduziu a eles?
De onde surgiram?
São apenas pedaços mal refletidos à luz artificial?
Quando começaram a perder as suas cores?
O peito, de primeira, não sabe o que preparar.
Um sorriso ou um olhar de espanto?
Um gesto tenso ou relaxado?
A primeira conquista desses fios chega aos 27.
Sinal de envelhecimento ou de maturidade?
Ou seria o tal do estresse?
Reflito em meio aos fios desencapados.
Eles não retomarão às suas cores originais.
Não naturalmente.
Marcas fixas que seguirão comigo pela longa (espero) jornada que me aguarda.
Por mais pinceladas que se dê, sempre darão um jeito de aparecer.
Sinais de resistência que derrotam a inocência.
Dois curtos fios brancos me denotam crescimento.
Tragam eles interpretação positiva ou não.
A moça, há pouco perdida nos 20 e poucos anos, não foge mais à luta interna.
O autorreconhecimento da fase adulta finalmente chega.
O ritual de passagem é sofrido para alguns.
Para mim, é a certeza da qual eu precisava.
Entre as diversas cores que me compõem nunca precipitei o branco.
E ele veio. Duplamente. Curto. Mas duplamente.
Sendo assim, pretendo tecer uma nova perspectiva interna.
Entrelaço nos dedos os fios e começo a bordar um presente mais claro.
Refutando o estresse, na medida do possível, peço que ignorem as minhas feridas de agulhas.
Afinal, os dedos calejados de quem tece são bons sinais de desenvolvimento pessoal.
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