quarta-feira, 12 de junho de 2013

Comércio do Amor (e as amarras sociais)

Corações invadem as ruas, as televisões, as redes sociais.

Vermelho e rosa perpetuam a tradição comercial de amores eternos.

E o sinal de alerta daqueles que dizem "pelo menos não tenho que gastar dinheiro" pisca (e incomoda) por trás dos olhos meio lacrimejantes da alma.

Cheiro, textura de cabelo, jeito de andar, marca no rosto, expressão de nervosismo, estilo do sorriso, maneira de abraçar, toques dos lábios. Traços desconhecidos permeiam a mente à procura.

Quando será?
Quem será?
Como será?

O 'quando' sempre é o mais angustiante das dúvidas.
E a cobrança aparece com juros e correções monetárias (em Euro, diria) no tal dia 12 de junho.

Dia da escravização comercial amorosa e da tortura dos que estão na pista para dançar, mas sem rumo certo.

As parcelas de amor são para 60, 90 ou 120 dias. Torça, então, para que até o final do pagamento a esperança esteja ao seu lado.

Enquanto isso, seguem os que pouparam no bolso, mas não nos doces, baladas e filmes românticos para preencher o que deixaram de gastar. Economizaram financeiramente, mas não em calorias (ou até em neurônios).

E no meio da poluição visual puramente capitalista um coração romântico bombeia músicas. Daquelas que aquecem e fazem até tremer nas bases.

É para o amanhã, que se faça hoje, que a moça educada sente uma imensa vontade de cantar. O dia pressiona. Mas, novamente, me demando a real necessidade das pressões sociais.

Já não bastam os comentários comumente recebidos nesta época: "você está solteira porque quer", "não é possível que não tenha alguém em vista" ou "quem sabe no próximo ano".

Minha expressão sempre foi extremamente profissional. Do tipo: "Sei...".

Não há próximo ano se não existe hoje. É meio óbvia essa conclusão. Porém nem todos conseguem enxergar isso.

'Não deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã' é bem típico de muita gente.

Então, como não quero estar incluída neste hall digo, de peito e cordas vocais abertos: eu vou conseguir!
Independente de necessidade social, isso eu quero (e mereço).

E se você, mulher ou homem, acreditar no seu potencial de viver sem a pressão dos muitos frustrados que buscam a felicidade desencontrada deles em você, então, pense positivo e mande esses para longe (polidamente, por favor!).

Já não bastam as cobranças internas - e as midiáticas - para lhe fazer lembrar do que, provavelmente, você nem quer.

Mas no final das contas, pagas ou não, o importante é pensar positivo.

E, como venho repetindo em textos passados, amar-se!

Não precisa ser poliglota ou multifuncional como eu - o que me faz ter um orgulho danado!

O importante é reconhecer-se capaz de amar. A começar pelas próprias células.

Ame-se e lasque-se quem não gosta!

A malcriação é necessária. Ao menos assim você lembra que pode se livrar de algumas amarras sociais.

Sei que ainda vou cantar para alguém com o maior carinho e brilho nos olhos possível. Sorrisos vão ser trocados. E haverá a certeza de que isso vale muito mais a pena do que qualquer perfume de O Boticário ou cesta de bombons compartilhados nas redes sociais.

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