O coração humano é esquisito, no sentido mais estrito da palavra.
Ele bate, pulsa, acorda e te emite códigos (morse?) para os neurônios que, após uma tradução detalhada por um perito no assunto, são decodificados em uma simples mensagem que, necessariamente, não é tão simples assim. Ao menos, não na prática.
A mensagem, normalmente, é do tipo: "minha filha, o que diabos tens feito das tuas estranhas entranhas?"
O danado sabe mais do que as tarólogas do viaduto do Chá! E ainda é melhor porque nem precisamos pagá-lo para ter a tal consulta interna.
Bem, não pagamos materialmente, mas emocionalmente ... vixe, como pagamos! Parcelado e com juros a um custo digno de processo no Procon da alma.
"Minha filha, ouça-me! Se não acordar para mim, acorde ao menos para o seu estômago. Afinal, o pobre já sofre com algumas guloseimas, mesmo que esporádicas, imagine com esses desgostos acumulados?"
O nobre coitado anda tagarelando lá embaixo, puxando-me pelas cordas vocais tão preciosas.
Então, paro, sento e escuto-o.
"Filha minha (para não ser repetitivo, pois repetições lembram-me status quo e disso não gosto), abra-te os olhos, pingue gotas serenas e saradas de soro fisiológico natural (não aquele da farmácia, o original mesmo, pra limpar bem), e pare, pelamordeDeus, de ficar dando trela a voz(es) que te levará (ão) a lugar nenhum".
Neste momento, estou a passar o tal soro. Não arde. Ele apenas clareia. E começo a ver que é preciso sorrir mais e sentir-me menos angustiada com algum percalço chato do caminho.
Chuto a pedrinha do sapato.
Boto o Band-aid.
Agradeço ao sr. coração.
E vejo uma boa luz logo à frente.
"Olá, srta Luz! Prazer em reencontrá-la! Eis que te apresento minha dona: Endie Eloah, uma mulher teimosa, mas de um coração incrivelmente decidido a livrá-la do que não merece".
É, definitivamente eu posso me fazer sentir muito bem após uma consulta interna.
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