Tragam as bebidas que levamos as comidas!
Não vai pôr o prato do seu namorado/marido/amigo?
Aprenda a dançar tal ritmo para conquistá-lo!
O reforço da fragilidade feminina no subservir à figura masculina é quase aterrorizante. Figuras maternas, amigas (?), irmãs ou desconhecidas surpreendem com seus pratos, copos, corpos e despeitos ofertados e entregues aos moços de barbaridades apoiadas.
Seguimos, há milênios, vivendo mais do mesmo. Diariamente. Minutamente, diria.
A seus postos, crianças, adultas e idosas posam de questionadoras assíduas ao tratarem do universo arqui-inimigo. "São uns grossos, uns estúpidos, uns insensíveis, uns cachorros..." e outras alegorias que é melhor deixarmos para as conversas de bastidores.
Os tais são alvos fáceis de dardos e dados que atingem lares, bares, academias e trabalhos.
Há uns brutos sim. Uns covardes animalescos. Uns salafrários da paixão. Uns miseráveis da educação.
A culpa é sempre deles? Nem sempre!
Derrubemos as máscaras da incredulidade confortável. Somos nós, mulheres, que repetimos a mesma ladainha de ele pode sair, ela não pode. Ele leva o refri, ela os salgados. Ele fica sentado, ela põe o almoço. Ele sempre chega tarde, ela não pode chegar. Ele é garanhão, ela é vadia. Ele é macho, ela é frágil. Ele tem personalidade, ela é revoltada.
Se eu gosto de alguém posso até adaptar certas vontades. Até para conhecer outras visões. Mas daí a transformar-me sem haver o equilíbrio de ambos os lados? Isso não está certo!
Ele prefere as loiras! Pintamos o cabelo.
Ele gosta de pagode! Fazemos programações novas.
Ele adora uma sobremesa diferente! Consultamos o oráculo Google e damos um jeito de aprender.
E quanto a nós?
Ela prefere os bem vestidos. Ele é o mesmo.
Ela gosta de música francesa. Ele é o mesmo. ("porque música francesa é "um saco" de gostar, não é?")
Ela adora frutos do mar. Ele é o mesmo.
Adaptações constantes são feitas. Não estão erradas. Podem acontecer. Porém, por que o peso só pende para o lado cor de rosa? Aliás, por que é só cor de rosa?
Mulheres são complicadas? Hum, tenho minhas discordâncias em relação a isso. Afinal, mulheres são muitas. E cada qual tem sua personalidade.
Homens também são muitos. E cada um pode ser ensinado a agir de maneira diferente. Quem influencia diretamente nesse papel? Nós!
Não sou mãe ou esposa. Entretanto, tenho familiares, amigos e podem surgir paqueras. Neles é que podemos barrar a prática obsoleta e repugnante do "deixa que eu sirvo".
O "deixa que eu sirvo" é o reforço da ininteligência afetiva. Um sério risco da continuidade da prática do "mulher é pra essas coisas".
É melhor fugir do padrão da fragilidade e pôr um ponto final no capítulo da marginalidade cruel a qual nós próprias nos impomos. Não é nos livrarmos da ideia masculina. É nos livrarmos da ideia do feminino subserviente. É nos vermos em pé de igualdade, até mesmo no direito de também ser servida, de chegar tarde, de pensar diferente e seguir pensando diferente. De gostar de música francesa e não ter que frequentar blocos de carnaval só porque fulano gosta.
A vida é sua. As atitudes também.
Então, aja da melhor maneira com eles. Sempre lembrando que somos responsáveis por aquilo que fazemos, e pelas consequências de nossas ações. Até mesmo por um simples prato servido.
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