sábado, 5 de dezembro de 2009

I have a dream


I have a dream (ABBA)

"I have a dream
a song to sing
to help me cope
with anything
if you see the wonder
of a fairy tale
you can take the future
even if you fail
I believe in angels
something good in
everything I see
I believe in angels
when I know the time
is right for me
I'll cross the street
I have a dream

I have a dream
a fantasy
to help me through
reality
and my destination
makes it worth the while
pushing through the darkness
still another mile
I believe in angels
something good in
everything I see
I believe in angels
when I know the time
is right for me
I'll cross the street
I have a dream"


That's me. That's my moment now.
I have a dream.
And I truly wish I could come true it.

Dependência

Qualquer dependência estraga, incomoda e é desconfortante.

Dependência profissional, de carona, de ação, de reação, de comida, de emoção.

Sei que o ser humano é um ser que depende de todos os outros para poder evoluir.

Mas é tão difícil e intrigante isso.

Pode ser uma atitude egoísta pensar que seria melhor menos dependências, mas há dependências e dependências.

As minhas ainda são enormes. E confusas.

Na verdade, eu sou confusa. Me confundo ao não saber direcionar-me. Penso que sei para onde estou indo. Mas a cada curva me surpreendo ao perceber que estou perdida.

Desculpe, sei que parece não ser necessário, mas tenho que falar uma palavra que sinto explodir em meu peito no momento: Que MERDA!

É muito ruim crescer. Ser adulto.

Eu nunca pensei que desse tanto trabalho. É muita responsabilidade. E tudo muito improgramável.

É agoniante.

Seus sentimentos mudam. O coração é bombardeado, e cobrado, a cada dia.

É estressante.

E quando você pensa que sabe o que está fazendo... não o sabe!

Eu não me reconheço mais.

Meus planos mudam a cada semana. Por puro medo de errar.

Um passo em falso e a sua reputação, ou seu futuro, vai pro beleléu.

Lógico que o primeiro pensamento que vem é: "como era tão mais fácil ser criança".

Mas todos têm que crescer, né?

É a exigência natural da evolução.

Posso ser espírita, porém ainda acho que falta muito, um enoooooorme abismo entre aceitar a teoria e colocá-la em prática.

Ser humano é reclamante por natureza, eu o sei bem. Eu reclamo muito. Meu anjo da guarda deve estar com os ouvidos doloridos nesses 24 anos de existência.

Entretanto, sou uma mente pensante, e pensamentos de qualquer grau me ocorrem.

É, pelo o que percebem estou bem revoltada hoje.

Acho que nunca tive tantas percepções, descobertas, quebradas de cara em tão pouco tempo.

Desde que fiz 24 anos parece que entrei num campo minado (e as minas são muitas - é cada uma que deixa cada ferida).

PARA O ÔNIBUS MOTÔ, EU QUERO DESCER!

Mas não dá pra descer, né?

Tem que seguir em frente. Afinal, se o motorista parar é porque eu parei.
Quem conduz o ônibus sou eu. E se parar, literalmente, é porque desencarnei.

Espero que demore bem muito pra voltar à pátria espiritual. Mas espero, ainda mais, que quando volte sinta no peito a sensação de dever cumprido.

Vamos ver.
Literalmente, vamos ver o que eu faço de minha vida.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Como cultivar bons pensamentos?


Como cultivar bons pensamentos?

"Teus pensamentos são como sementes que vais depositando no solo da vida.
Produzirão sempre de acordo com a qualidade que lhes seja peculiar.

Conforme aneles e projetes os teus pensamentos, a vida te devolverá em forma de acontecimentos, sensações e emoções.

Os positivos e estimulantes enriquecem-te e se manifestam em todos os setores existenciais.

Os negativos e deprimentes entorpecem-te o ânimo e tornam-te amargo, nervoso, interferindo no teu comportamento.

Libera-te dos pensamentos doentios e perniciosos que acalentavas no passado, quanto até há pouco.
Deixa-te livre, preparando a terra generosa dos sentimentos,
para que os otimistas, os ativos expressem o perfeito bem de Deus.

Mantém os que revelam amor e sentirás envolvido por incessantes ondas de ternura e de afeto.

Conserva os que são de paz e toda a harmonia da vida ressoará no teu íntimo.

Preserva os que te objetivam a saúde e te sentirás forte, pleno, mesmo que, vez por outra, alguma debilidade se te apresente, não afetando o conjunto.

Pensa em prosperidade, abundância, mas não só de valores materiais, e, sim, dos demais bens de Deus, que são essenciais à vida para sempre.

Pensa e viverás consoante à onda emitida."


Joanna de Ângelis responde em "Filho de Deus"
- psicografia de Divaldo P. Franco.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um ano de práxis!

Nossa, hoje faz 1 ano que comecei a postar neste blog!

Parabéns!

(A mim mesma? Estranho, hehe)

Mais estranho é saber que ele está durando mais de 1 ano com escritos cada vez mais frequentes.

Sinal positivo!

A vida dá voltas... a minha vive dando piruetas. Por isso, acredito que não faltarão assuntos em mais um ano, no mínimo, de práxis dessa mente pensante :D

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Práxis de uma mente pensante

Uma nova fase se inicia - mesmo que no fim do ano.

Fase de reflexões, práticas e projetos.

No campo profissional, volto a me dedicar aos estudos concurseiros (o TRE-PE está aí, bem em cima - e bem nas férias... se bem que não existem férias para concurseiros =P).

Também corro atrás de professora de canto. Por que não começar de agora? Investir numa paixão que há muito tenho em mim? Quero começar da melhor maneira possível, e, para tanto, preciso cuidar do meu instrumento maior: minha voz.

No campo pessoal, reflexões e práticas também. Há vezes em que perdemos tempo acreditando apenas em ideias mas não as tornando audíveis a todos. Passei da fase. Cansei dessa fase.

Ultimamente, tenho posto em amplificadores aquilo no qual acredito - minhas opiniões sobre as coisas. Para quê escondê-las? Afinal, o ser humano é diferenciado dos outros seres justamente pela sua capacidade de inteligência.

"Penso, logo existo" - definiu, tão bem e simplesmente, Descartes (pensador Iluminista: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes).

Se existo, então penso ;)

O que as pessoas não podem confundir é que se estão no comando de algo têm o direito de decidir por todos. Isso não é liderar, isso é ditar - e conhecemos muito bem os exemplos que não foram nem um pouco agradáveis ao mundo.

Se temos opiniões diferentes, isso não é ruim. Muito pelo contrário.

"Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo" - Voltaire - mais um filósofo Iluminista (o meu preferido) nos deixou esse legado importante da ideia como uma essência fundamental para a evolução da vida.

Diferenças são positivas a medida que possibilitam aos humanos refletirem melhor sobre suas decisões. Imaginem só se todos pensassem as mesmas coisas? Do mesmo jeitinho. Chato não?

Talvez você pense: ah, mas se todo mundo pensasse como eu, tudo seria melhor!

Jura? Eu acho que não!

Quantos erros você já cometeu na vida? Quantas besteiras não fez por um deslize de escolha?

Se você nunca cometeu erros na vida, então fico muito feliz em saber que Jesus Cristo lê meu blog - hehehehehehheehhehehe

Então, se a vida é feita de escolhas, eu escolho vivê-la não da minha maneira, mas através do meu pensamento tentar estabelecer práticas e teorias que são adequadas de acordo com o ambiente em que vivo.

Erro, lógico. É normal no processo evolutivo. Mas quem não o faz?

Só que se eu demonstro que tenho opinião isso não significa que seja autoritária.

Se até Gandhi tinha pulso firme para mostrar suas ideias, por que não posso? (afinal, ele foi um grande exemplo).

Não podemos viver a falácia de que na vida devemos respeitar e obedecer cegamente aos mais experientes, aos líderes, aos coordenadores, aos mais velhos...

São seres humanos como todos nós. Erram também.

O que não digo é que eles não merecem atenção ou confiança. Sim, o merecem.

Porém, também merecem escutar os demais.

Juntos fazemos a engrenagem funcionar. A máquina da evolução não é feita apenas de botões e motor. Ela também acontece por causa dos parafusos, das menores peças (mas não menos importantes), entendem?

Às vezes a gente pensa tanto que acaba sendo mal-interpretado. Acontece. É normal. O ser humano é passível ao erro - cada qual com sua bagagem que o faz pensar da maneira que é.

Mas o que não podemos nos apoiar é na ideia de que se somos suscetíveis ao erro podemos justificá-los o tempo todo e nos livrar-mos de nossas responsabilidades.

Errar é humano, mas persistir no erro não é burrice, é egoísmo!

Enquanto isso, erro - mas quando o faço, procuro melhorar minhas atitudes.

Sei que estou longe de ser o que almejo moralmente. Entretanto, não custa nada continuar tentando - principalmente através da manifestação dos meus pensamentos.

Afinal, como o título do meu blog diz: sou uma mente pensante ;)

Beijo no coração!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Con te partiró (para) la vie en rose"













Em exatamente um mês terei um compromisso assaz especial. O começo da realização de um grande sonho: cantar como solista para uma plateia maior do que os ecos do chuveiro :)

Em um mês, num evento maravilhoso que acontecerá no Peixotinho, terei a honra de cantar, ao som dos meus amigos e companheiros de música e alegria, duas belas músicas: "La vie en rose" (Édith Piaf) e "Time to say goodbye (Con te partiró)" (Andrea Bocelli e Sarah Brightman).

Além de estar feliz por cantar, cantarei em dois idiomas que julgo belos: francês e italiano.

Mais do que isso? Não, a medida está exata para mostrar quanta oportunidade tenho tido para desenvolver minha habilidades nesta vida.

Amo cantar, como disse em post anterior.

É meio clichê, sei, mas quem canta seus males espanta mesmo!

Não apenas espanto males, mas desperto emoções em mim nunca dantes sentidas.

No meu aniversário (o melhor de todos, por sinal), foi assim. Cantei e senti que não poderia parar. Algo tinha começado. A música tinha começado em mim - não da maneira como estava antes, mas melhor, com mais responsabilidade.

E eu gostei dessa sensação.

A Piaf, agradeço a oportunidade da bela canção - e da inspiração (pois cantava com uma verdade...).

A Sarah Brightman, a oportunidade da linda voz que me faz querer cantar mais e mais.

Aos amigos do Peixotinho, a chance de cantar feliz ao lado de quem tanto me faz bem.

:D

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cantar ou não cantar?

Se dissesse que tenho uma voz incrivelmente bonita você acreditaria?

Ou mais: pensaria que estou apenas tentando me exibir?

É como me sinto. Sinto que tenho. Sei que canto muito bem. Tenho uma das vozes mais bem conquistadoras que conheço =P

Para alguns isso pode ser orgulho exacerbado, falta de humildade... mas humildade não é humilhação, subordinação. É reconhecer seus erros e suas virtudes e usá-los na medida certa.

Tenho certeza de que se investisse em aulas de canto, corresse atrás de patrocínio... ou seja, metesse a cara no mundo da música, teria grande chance de lograr.

Mas tenho dúvidas. Receio de me desapontar, de tornar-me até "mais uma voz entre tantas".

No Brasil, qualquer pessoa canta. Qualquer pessoa monta uma banda e pode fazer sucesso. Youtube está aí pra isso.

Porém do que adianta abrir o berreiro sem saber cantar? Gritar ao invés de cantar? Gemer (como as taquaras rachadas do brega) ao invés de cantar?

E pra cantar músicas que nada dizem além de "Meu amor, eu te amo tanto, preciso de você, meu coração é só seu, volta pra mim"... ou qualquer letra fácil dessas eu não topo.

Ser clone ou robô não são meu estilo.

Mas queria cantar além do chuveiro, da pia (enquanto lavo a louça), do quarto trancado...

O pior é que se tenho vergonha de cantar pra minha própria família como eu cantaria pra uma plateia de desconhecidos?

A vergonha é derivada da falta de prepar. Do receio de desafinar. De fazer errado. Da desaprovação (minha mesmo - quando sei que posso fazer melhor).

No fim das contas eu me complico. Me dou cadeia. Dou cadeia em minha própria voz.

Mesmo sabendo que ela é bonita.

Sabe o timbre de Sarah Brightman? E os agudos de Mariah Carey? Bem, consigo... com recomeço de estudos de voz. Já consegui um dia... há cinco anos, quando ainda fazia parte do coral (Cultura Voices).

Quem sabe crio coragem e me assumo mais. Invisto.

Enquanto isso, um trecho que gravei ano passado a pedido de um colega:

http://www.youtube.com/watch?v=M71M0y4Ymok

(Sim, não apareço para não me expor... mas essa ligeira sombra na parede é minha =D).

Beijos queridos a quem me ler!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Complexo de Cinderela - Capítulo 1


"Existe somente um instrumento para obtermos a "libertação", e esse é emancipar-nos desde dentro".
(...)
"POr que as mulheres têm tanto medo? A resposta a essa pergunta se acha na raiz do Complexo de Cinderela. A experiência tem algo a ver com isso. Se você não sair e agir, permanecerá para sempre temerosa dos negócios do mundo".
(...)
"A tese deste livro é a de que a dependência psicológica - o desejo inconsciente dos cuidados de outrem - é a força motriz que ainda mantém as mulheres agrilhoadas. Denominei-a "Complexo de Cinderela": uma rede de atitudes e temores profundamente reprimidos que retém as mulheres numa espécie de penumbra e impede-as de utilizarem plenamente seus intelectos e criatividade. Como Cinderela, as mulheres de hoje ainda esperam por algo externo que venha transformar suas vidas".


Estes valiosos e um tanto intrigantes trechos foram tirados do livro com o qual me enriqueço atualmente: Complexo de Cinderela (de Colette Dowling), escrito em 1981, pela editora Melhoramentos. Aliás, a edição que tenho é mais velha do que eu =)

Bem, não vou estender-me por enquanto sobre o assunto.

Mas adianto-lhes que apenas estando no segundo capítulo do livro há de se convir que a mulher que em mim se constroi (em passos cambaleantes por não compreender - ainda- ao certo o meu papel na fase adulta) definitivamente está se estruturando melhor.

Um abrir de olhos com colírio sulfuroso (não sulfúrico, pois já estava um pouco preparada para o que viria no texto).

Não posso deixar de lamentar o triste papel que mulheres assumem de meras geradoras. Crendo nos homens como seres pensadores.

Mas continuarei a discussão depois.

Esse foi apenas meu primeiro capítulo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mais uma balada da vida

Este fim de semana fui (novamente) pra uma boate.
Mais precisamente a tal Nox.

Nox é sem noxção.

Tutchi, Tutchi, meninas de vestidos curtos e fartas comissões à mostra, rapazes de camisetes coladas e cabelos de boi lambeu, drinks, luzes baixas, som altíssimo, cheiro inquietante de gelo seco, olhares debochados e debochantes, conversas derretidas (porque mole é pouco), revista na entrada, banheiro onde secadores são o paraíso e finalmente o preço (caro) de aguentar mais um momento de vazio.

Talvez não precisamente vazio por inteiro.

Eu, como sempre, continuei a observar o ser humano.

Minha amiga foi minha companheira. Grazi queria se divertir. Eu quis agradá-la.
Mas não agradei-me.
Não gosto daquele lugar.

Boates são templos não apenas de vaidade mas de danças do acasalamento e de rituais de fuzilamento.

Riquinhos se misturam aos que podem nem ter o que comer direito mas juntam tudo para estar ali.

Risadas altíssimas e estridentes marcam entre os passinhos de pra lá e pra cá.

Todos parecem robôs.

Lembra Admirável Mundo Novo (de Aldous Huxley), em que o prazer se torna programável.

É tudo tão artificial que até um sorriso por mais verdadeiro que seja não sai verdadeiro.
Tem que ser alto pra o ouvinte perceber que seu comentário valeu a pena.

Estive a conversar com dois colegas de minha amiga.

Se esforçaram.

Foi bom pela companhia a mais. De ir e tentar não ficar observando os demais, aqueles seres gasosos.

Não deu.

Não consigo.

Será que sou anormal?

Nunca conseguirei ir numa festa sem deixar de reparar no quanto as pessoas têm para produzir e nada produzem?

Sei que são necessários momentos de escapismo. Mas aquilo é fugir de vez ao racional.

Enfim, aprendi a lição.

Nox e cia nunca mais. Nem pra ter a oportunidade dissimulada de querer conhecer um gatinho pra ficar com ele e trocar telefone.

Aliás, essa é outra boa discussão.

Por que eu tenho que beijar uma pessoa que não conheço? Ainda mais num ambiente de vazios.

O verbo ficar não se conjuga comigo.

Eu na verdade nunca o entendi direito. O processei.

Sempre fui de movimento, de mudança. Ficar num lugar por muito tempo é inquietante.

E no sentido de beijar um desconhecido e ir embora (ou talvez trocar - falso até - telefone) é tão... animalesco.

Não sou normal.

Aliás, não faço parte dessa coletividade animalesca.

Sou do tempo mental da paquerinha.

Conhecer, jogar charminho, trocar conversas (produtivas, de preferência), dar risinhos corantes, ficar na dúvida (será que é isso que eu estou pensando mesmo ou ele só está sendo legal?) até chegar o (bendito) dia do beijo ou do '' quer namorar comigo?''.

É tão mais denso. Mais aventureiro. Mais prazeroso. Mais humano.

Um dia eu volto a me sentir assim.

Gosto disso.

Mas até achar uma mente produtiva, bem-humorada e otimista vamos continuar com o status (até algum tempo preocupante - olha aí as cobranças internas que parecem vir de fora) de célibataire (solteira, em francês - sim, meu orkut está em francês... nada de antinacionalismo, mas é para praticar o idioma =D).

Há quatro anos estou no célibataire.

Aliás, e por que as pessoas têm que ter aquele ar (muito desesperador) de ''mas é melhor só do que mal acompanhado'' (isso dá dor no ouvido com essa regência deturpada - porque não pede a preposição ''de'' ... lá vou eu e minha mania de querer perseguir o português correto. Hum... perseguir português... bem, homem português, apesar de fazer parte de minha essência progenitora, não me clama a atenção... vai ver é a revolta pela colonização... mas esse é outro post)?

Sim, não tenho dúvida de que mal acompanhada nunca.

Mas dar desculpa pela solidão de relacionamento amoroso é um tanto frustrante.

Bem, mas me estendo demais. Comme toujours.

Amo escrever. Já disse.

E tenho tantas ideias, que as formulo enquanto caminho desvairando pelas ruas agitadas e aquecidas da cidade.

Porém escrevê-las é que são elas.

Hum, e quem são elas?

Esta, é uma outra história.

Beijos e me escrevam ;)



p.s.: está aí. Talvez não saibam, mas é tão importante se sentir ''lida''. Pronunciem-se, um ou dois leitores.
É a angústia de jornalista. Sem leitor, nada somos. (final lancinante, mas necessário para a autora)

domingo, 20 de setembro de 2009

Minha filosofia da felicidade por Martha Medeiros

Ser feliz não é pecado
Martha Medeiros*

Felicidade é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo

A felicidade é desprezada por muita gente. A pessoa feliz sofre o preconceito de parecer uma pessoa vazia, sem conteúdo. No entanto, algo ela tem, senão não incomodaria tanto. Será que é porque ela nos confronta com nossa própria miséria existencial? É irritante ver alguém naturalmente linda, rica, simpática, inteligente, culta, talentosa, apaixonada e, ainda por cima, magra! Essa ninfa nunca ouviu falar em insônia, depressão, dívidas, mousse de chocolate?

Os felizes ainda estão associados ao padrão "comercial de margarina", portanto, costumam ser idealizados - e desacreditados. É como se fossem marcianos, só que não são verdes. Por isso, damos mais crédito aos angustiados, aos irônicos, aos pessimistas. Por não aparentarem possuir vínculo com essa tal felicidade, dão a entender que têm uma vida muito mais profunda. Você é feliz? Não espalhe, já que tanta gente se sente agredida com isso. Mas também não se culpe, porque felicidade é coisa bem diferente do que ser linda, rica, simpática e aquela coisa toda. Felicidade, se eu não estiver muito enganada, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo.

O psicanalista Contardo Calligaris certa vez disse uma frase que sublinhei: "Ser feliz não é tão importante, mais vale ter uma vida interessante". Creio que ele estava rejeitando justamente esta busca pelo kit felicidade, composto de meia dúzia de realizações convencionais. Ter uma vida interessante é outra coisa: é cair e levantar, se movimentar, relacionar-se com as pessoas, não ter medo de mudanças, encarar o erro como um caminho para encontrar novas soluções, ter a cara-de-pau de se testar em outros papéis - e humildade para abandoná-los se não der certo. Uma vida interessante é outro tipo de vida feliz: a que passou ao largo dos contos-de-fada. É o que faz você ter uma biografia com mais de 10 páginas.

Se você acredita que ser feliz compromete seu currículo de intelectual engajado, troque por outro termo, mas não cuspa neste prato. Embriague-se de satisfação íntima e justifique-se dizendo que é um louco, apenas isso. Como você sabe, os loucos sempre encontram as portas do céu abertas.

Rita Lee, que já passou por poucas e boas, mas nunca se queixou de não ter uma vida interessante, anos atrás musicou com Arnaldo Batista estes versos: "Se eles são bonitos, sou Alain Delon/ se eles são famosos/ sou Napoleão/se eles têm três carros/ eu posso voar". Também faço da Balada do Louco meu hino, que assim encerra: "Mais louco é quem me diz que não é feliz".

Eu sou feliz.


* (Zero Hora, 16 de dezembro de 2007)

Texto retirado de um concurso público.
Belo incentivo para perceber que mesmo ainda não tendo o sonhado cargo, nada custa continuar com momentos valorosos de felicidade ao perceber a inteligência de compreendê-la na singeleza de poder viver.