Comece amando-se. É gostoso e faz bem. Depois, passe o amor adiante, mas sem falsidade. Ame de verdade. Não é se tornar um ser submisso fazendo tudo o que o outro quer. É conhecê-lo melhor, respeitando-o por quem ele é, ajudando-o em seu crescimento e deixando claro que o seu objetivo é o bem dele. E nessa boa sintonia as coisas fluem melhor. E você já sabe disso.
Apaixone-se
Tudo bem, não é indo numa cafeteria e escolhendo o primeiro cara simpático ou entrando no Facebook e falando com um amigo seu solteiro e gatinho que você vai se apaixonar. Isso depende de muitas coisas. Sim, apaixonar-se é bem complicado. Ou melhor, complicamos bastante o processo.
O que quero dizer é que se você perceber que tem alguém do qual você gosta muito e que mostra afeto por você de maneira um pouco mais intensa então deixa a vida, ou melhor, a paixão te levar.
E se você for solteira (o) e não tiver ninguém em mente, como eu, não desista! Fixe seu pensamento em coisas boas e deseje apaixonar-se. Afinal, o poder da mente é imensurável.
Descubra o que te faz sorrir
Sorrir faz bem à alma, ao coração e aos músculos da face. Nos energiza e nos torna, até, pessoas melhores, com maiores perspectivas de uma vida menos laboriosa.
Por isso, preste atenção no que te faz sorrir, de verdade, e busque repetir a experiência a cada semana, no mínimo. O ideal seria sorrir diariamente, mas como nem sempre possuímos o tal do tempo não se preocupe em cronometrar risos, senão deixaria de atingir o objetivo prazeroso.
Descubra o que realmente te irrita
A raiva só faz mal para quem sente. É por experiência própria que atesto isso. Em oposição ao riso, ela endurece o coração, queima neurônios e envenena a sua alma. Por isso, é bom saber o que te tira do sério (seja honesta(o) e não inclua na sua lista Sertanejo, Luan Santana ou Calça Saruel, por exemplo, pois há certas coisas que são bem mais imediatas de eliminação).
Aproxime-se de quem faz diferença
O mundo não está perdido. Não existem só pessoas ruins. E estas também não são completamente demônios - mas você não precisa ficar perto delas para descobrir isso. Há pessoas que querem o seu bem. Elas, assim como você, possuem dias de "nãos" e nem sempre vão te entender. Mas quem disse que você é sempre bom e compreensível? Então, dê uma chance às verdadeiras amizades, distinguindo quem, no fritar dos ovos, te ajuda no crescimento diário.
(Consequentemente) Afaste-se de quem te põe para baixo
Ok, ninguém é 100% mau. Mas há seres cujos gênios não foram feitos para dividir espaço com o seu. Então, compreenda que após algumas chances de convivência diplomática (você não precisa ser Gandhi ou Madre Tereza) se ainda perceber que aquela criatura só faz diminuir sua confiança no mundo, então é melhor se afastar. Recomendo evitar desgastes emocionais sempre que possível.
Não passe tanto tempo na Internet (especialmente no Facebook)
Há vida fora das telas do notebook, tablet e Iphone. É muito mais difícil mantermos contato, hoje em dia, com tantas pessoas além do nosso ciclo de vivência no trabalho, na escola ou na família. Mas há gente querendo conversar de verdade, e não apenas pelo chat do Face. É tão melhor demonstrar nossas reações ao vivo do que qualquer emoticon pode expressar. E o contato humano é muito melhor do que com as teclas do computador.
E aos que moram só e longe da família como eu, torço ainda mais pela humanização das relações, pois o isolamento é uma das causas da depressão, o novo mal do século.
Viaje
Tenho um plano de viajar, no máximo, a cada 3 ou 4 meses. Mesmo que seja para passar 7 dias longe de casa. Isso porque conhecer (ou reconhecer) lugares e pessoas é sempre muito revigorante.
(E quando não puder viajar) Saia da rotina
Mude o caminho para o trabalho, a parada do ônibus (se puder), troque de shopping ou de cinema, conheça um novo restaurante, experimente uma nova sobremesa, aprenda um novo idioma ou uma nova habilidade, dê uma repaginada (até sem gastar) no seu visual de vez em quando (sem tirar a essência da qual você gosta). Toda mudança é necessária para o crescimento humano, caso contrário estaríamos pendurados em árvores até agora.
Sonhe
Faça planos para você. Abra a sua mente e renove as suas expectativas com você mesma (o). Mas seja plausível, afinal voar é muito bom nos sonhos, mas se quiser ter mais chances de não se frustrar chegue próximo do plano "impossível" e voe de asa delta. E em hipótese nenhuma deixe alguém frustar os seus sonhos. Ninguém vale a sua frustração!
Acredite mais em você
Não deixe para nenhum cavalheiro (ou super-herói) a sua salvação. A vida não é fácil para ninguém, acredite. Cada um com seus conflitos internos. Porém, o que mais importa é não se deixar levar por qualquer desespero ou decepção. Vivemos numa estrada por vezes esburacada. Preste mais atenção no caminho e afaste-se dos declives. E olhe sempre para frente, enxergando as possibilidades da sua caminhada.
Não tenha preguiça (ou qualquer falta de coragem, como preferir)
O tempo não é curto. Ele é o mesmo de sempre. Afinal, o aquecimento global não derreteu os minutos e com isso eles passaram a valer menos. O que aconteceu foi que você deixou de curtir a vida em nome do trabalho, da família, da pressão da sociedade... enfim, você fez (e faz) o seu tempo. As tarefas podem ser muitas mas você é um (a) só. Até que ponto vale sacrificar um desejo seu em nome da desorganização de sua vida? Se quer algo, organize-se e corra atrás disso! Não há tempo perdido quando se faz algo com a melhor intenção.
Não arranje desculpas
Se o cara sempre tem desculpas que te fazem se sentir péssima, ou se a cabeleireira sempre faz um corte diferente daquele que você quer, ou se seu trabalho não te acrescenta, não acha que está na hora de mudar esse quadro enfadonho e que não vai te levar a lugar algum? Mude o jogo! Para quê insistir no erro? Estamos todos aqui para viver, não é verdade? Não precisamos aceitar tudo o que nos acontece por acreditar num possível carma. Afinal, errar é humano. Persistir no erro é ser masoquista. Se for, está no caminho certo. Caso contrário, dê um fora no cara, troque de salão e mude de departamento (ou de profissão).
Não se exponha (tanto)
Não ter acesso à Internet hoje em dia é, quase, viver na Idade da Pedra. Mas qual o limite entre a sua pessoa e a personagem que está naquela foto bem preparada no seu perfil virtual? Não apenas por uma questão de segurança física, mas também por segurança emocional é importante percebermos que quanto menos revelamos quem somos menos decepções, frustrações e mágoas teremos em nossas vidas. E não apenas no ambiente virtual. Escolha as amizades. E quanto menos "melhores amigos" melhor. Afinal, escolher 1 já não é fácil, imagina pôr uma estrela no Facebook dos 300 ou 400 da sua lista de "amizade".
E não se mostre demais a ninguém! Reserve-se ao direito de ter segredos. Não precisam ser segredos de Estado, mas quanto menos dizemos quem somos mais as pessoas não tentarão controlar a sua vida.
É um impulso natural do ser humano dar palpites. Mas é melhor caminharmos, em muitas situações, com nossas próprias pernas do que com as pernas de pau alheias.
Todo esse leque de conselhos é para mim, em primeira instância.
Mas como passei a acreditar mais no poder dos meus escritos, então compartilho as ideias para um novo ano com os que quiserem buscar uma vida mais válida e prazerosa.
E não levem tão a sério o que escrevi. Não se punam por não conseguirem alcançar tudo o que almejarem.
Falo isso, igualmente, para mim, que sempre costumo puxar minhas orelhas.
Afinal, viver é também errar. E reconhecer um aprendizado no erro é bastante válido.
A todos, muito obrigada pelas visitas neste blog!
E um Feliz 2013, com direito a muitos sorrisos e conquistas positivas!
Dizem que os jovens são eternamente ansiosos e perdem momentos incríveis por conta de seus desesperos emocionais.
Mas quem nunca achou que poderia viver tudo em um dia, salvar o dia num minuto ou, até mesmo, passar uma borracha nas topadas da vida em segundos?
É incrível sentir as reações dos sentimentos em nossas veias humanas.
Os floreios de uma alegria.
Os nós na garganta.
As borboletas no estômago.
O aperto no peito.
Todos saídos de literaturas universais. Todos passíveis de sentir fora dos alfarrábios admirados.
Todos, no fundo, provocados por uma pesada razão: a expectativa.
O esperar é, por (muitas) vezes, desesperador.
E sem esperança, por certo, não se vive.
"Subvive-se".
A eterna busca pelo eu, pelo outro, pelo eu no outro nos faz humanos. Jovens e angustiados humanos, ouso.
Ou, talvez, até nos aprisione.
A prisão indesejada, em alguns casos, torna-se o lar de muitos solitários.
Mas estamos todos sós, não?
Nascemos sós. (à exceção dos gêmeos e siameses, claro)
Nos criamos sós, basicamente.
Morreremos sós.
Só isso?
Não só!
Em verdade, nunca só!
Somos aquilo que esperamos.
Somos isso mesmo?
Somos como agimos diante da esperança.
É, acho que é isso.
Convencionou-se, aliás, que a esperança é a última que morre.
Entretanto, não podemos deixar morrer todos os outros recursos para podermos chegar nela.
Não podemos exterminar demais prazeres da vida em nome da esperança.
Assim espera-se.
Assim melhor se vive.
Não é nada fácil.
Porém, é mais saudável.
E os poucos neurônios que nos restam, mesmo que meio queimados da ansiedade jovial, nos agradecem.
"Sonhos são como deuses
Quando não se acredita neles, deixam de existir."
Paulinho Moska nos brindou com uma versão do que é sonhar.
'Admito que perdi' tilintou meu ouvido e minh'alma com o poder de criarmos deuses.
Sim! Pois que deuses moldamos.
Alguns de nós usam fôrmas de tamanhos e qualidades diferentes. Umas maiores, outras diminutas.
Há pessoas que nem se arriscam. Outras que riscam por elas e por essas últimas.
Mas o que deveras é o sonho?
Fantasia? Devaneio? Fuga da realidade? Quantas traduções haverá para tamanho mistério das mentes humanas?
Creio nele como uma prova de nossa existência. Algo que nos conecta à vida e à morte (interligando com o texto anterior: Viver para Morrer/ Morrer para Viver).
Uma amarra?
Uma âncora?
É, talvez uma âncora que nos faça lembrar de que somos capazes de voar além, sem esquecer de que os pés devem retornar ao chão.
E o que nos faz sonhar?
Certamente um impulso terrestre nos serve de mola para alcançarmos as estrelas.
Um objeto de consumo?
Uma profissão desejada?
Um certo alguém?
Muitos podem ser os motivos.
Alguns passageiros. Outros cobradores.
Porém, nenhum deles deveria ser causa de autopunição.
Mas acabam sendo.
Frustrações aparecem por sonhos que se afastam.
O tal do tempo e sua fugacidade inexorável.
Vivemos para o tempo. Prendemo-nos ao tempo de viver (no automático) e esquecemos do tempo de sonhar (bem acordados).
Seja uma dança, o desejado trabalho ou a casa própria, a conquista do almejado é sempre muito energizante.
Diria até que sonhar é engrandecer-se.
Pior do que não atingir o alvo é esquecer-se de que podemos renová-lo.
O passado muitas vezes nos prende de tal maneira que olvidamos que a vida se faz no presente.
E o presente, por certo, não nos furta os sonhos. Ele nos presenteia, a cada noite, com novas possibilidades, novas fôrmas.
Infelizmente, medos existem para invadir nossos peitos, algumas horas sem armaduras, e degladiarem os corações despreparados.
O antídoto aos pesadelos é notar a vida fluindo. Sentir ligar a máquina diária da existência e não deixá-la enferrujar, para não acabar quebrada no meio de uma estrada deserta de possibilidades.
É entender que não somos escravos de nossos desejos, e nem dos alheios.
Sonhar é ser. E ser é infinito.
É conquistar-se. É poder.
Mas o poder não corrompe?
O homem se corrompe.
Se autossuborna para, muitas vezes, crer num mundo de niilismos.
E em qual momento podemos acreditar que o sonho pode dar certo?
Receios ocorrerão sempre. Fazem parte da caminhada alguns desequilíbrios esporádicos. Afinal, nossas estradas se pavimentam a cada novo dia.
Ok, mas e quando saber se o sonho é, de fato, possível de sair do mundo das ideias?
Por certo, não receberemos uma notificação disso.
Apenas acordaremos. E quando acordarmos e virmos o 'deus' moldado estaremos prontos para tirá-lo da fôrma, por vezes arranhada e levemente queimada.
Enfim, só não desista de sonhar. Porque apenas sonhando é que poderemos ser/viver.
A frase é do filme (recomendadíssimo) 'Depois de Partir', com Romain Duris e (ele, O ator) John Malkovich.
Viver é prazeroso.
Ser é prazeroso.
E ter consciência disso é mais prazeroso ainda.
A cada dia morremos em horas, em minutos e segundos.
Matamos oportunidades.
Sufocamos desejos.
A cada dia nascemos em horas, em minutos e segundos.
Damos à luz oportunidades.
Respiramos desejos.
Velhas pegadas se apagam.
Estradas cruas em sombras percorremos.
Pneus derrapam na ausência de faróis.
Novas pegadas se imprimem.
Estradas bem pavimentadas percorremos.
Pneus seguem os ritmos na batuta da luz.
Morrer, em seu sentido metafórico, pode ser (e é) prazeroso.
A metáfora ainda persiste quando insinuo a morte como o findar de um capítulo, de uma página.
É preciso morrer para viver.
Figurativamente a morte é fiel ao desenvolvimento da vida.
Sem qualquer intenção cacófona, pleonástica ou paradoxal, viver a vida é também morrê-la aos poucos.
E o que é a morte real?
Um fim, um ponto final.
Não, uma exclamação!
Um espanto necessário.
Uma pausa, mas com reticências...
Em meio à reflexão, sem me alongar, afasto-me de religiosidades.
Pretendo apenas pisar observando caminhos.
Na estrada que me leva a momentos tão repetidamente reflexivos.
Como num livro de autoajuda.
Mas o que é a nossa vida, mais precisamente o nosso dia, senão uma frase, um parágrafo, ou até um capítulo?
Vírgulas são imprescindíveis. Muitas das vezes as ignoramos. Só ponto. Ponto. E ponto.
São tantas as regras, tantos os conhecimentos a serem postos em prática.
Tantas revisões a serem feitas.
E quem disse que não podemos revisar a vida?
Revisá-la é sempre preciso.
Mas não se fixe às regras.
Observe as exceções.
Monte neologismos.
E deixe os acadêmicos se esgoelarem pelo cumprimento das leis gramaticais.
Afinal, é preciso também matar algumas regras para se viver.
Visto que antes de morrer (em carne) é preciso viver (em pele, osso e alma).
Endie: Doutor, ando muito arretada com muita coisa ao meu redor.
Médico: O que exatamente, minha filha?
Endie: Ah, sabe, o mundo não é tão legal assim quando a gente se aproxima mais dele.
Médico: Explique melhor.
Endie: Não consigo acreditar no fato de que a minha felicidade ou até
minha simpatia podem afetar pessoas ao meu redor de tal maneira que
passam a querer, a qualquer custo, me tirar de um pedestal no qual eles
próprios me colocaram.
Médico: Hum
Endie: E eu nem gosto de alturas, doutor!
Médico: E esses 1,74m?
Endie: Ah, dessa altura eu nunca abri mão. Sabe como é: pra sustentar
essa moça aqui, cheia de criatividade, otimismo (tá se rachando, mas não
se esvairá nunca!), simpatia e autoconfiança, menos do que 1,74m não
seria suficiente.
Médico: Eis uma verdade.
Endie: Mas, doutor, qual a prescrição médica pra minhas desilusões neste mundo de meu Deus?
Médico: Minha filha, a solução não é fácil. Afinal, remédio para não
passar por decepções ainda não existe. Mas, pra você, tenho uma receita
perfeita.
Endie: Qual?
Médico: Música! Muita música boa e de qualidade. Ah, mas só funcionará com uma condição.
Endie: ... [cara de espera, com as sombrancelhas arqueadas]
Médico: Só se você cantá-las. Aí seu coração vai ter uma dose de recarga suficiente para aguentar mais trancos da vida.
Endie: Poxa, muito obrigada, doutor. E quanto lhe devo pela consulta?
Médico: Uma canção.
E ela cantou "Somewhere only we know" com a alma meio capenga, mas com o
coração renovado após se energizar com o poder da música.
Sabe aquela sensação de conforto, tranquilidade e bem-estar emocional que te dá um prazer enorme?
Bem, atualmente não estou me sentindo assim.
Não que esteja aperriada ou com raiva do mundo.
Paradoxalmente falando, sinto que estou muito feliz com os rumos que minha vida está tomando, inclusive com os nós na garganta que andam aparecendo semanalmente.
É incrível o poder de querer influenciar a vida alheia que existe nas pessoas. O tal do ser humano é um ser curioso.
Para cada nova situação, uma solução! E tudo parece tão simples, não é?
Conseguem resolver nossas vidas com algumas orações subordinadas.
Aliás, subordinados ficamos também, afinal, pra quê esquentar a cabeça raciocinando sobre sua própria vida se há outros fazendo isso?
A questão é que, normalmente, as soluções não são as melhores.
Quem geralmente te diz o que fazer, mesmo sem perguntá-lo a opinião, é quem menos deveria dar sugestão.
E isso tem me incomodado como uma pedrinha no dedo mínimo esquerdo.
É, os aprendizados de uma vida longe da família, dos colegas já habituados e da cidade conhecida têm sido enormes.
Aliás, têm vindo num intensivão de vida.
Mas quem menos usufrui desses "conselhos" todos é a gente.
O que nós queremos?
Quero dizer, o que EU quero?
No momento, eu quero/preciso ficar mais quieta.
Estou aprendendo a não notar a plateia pra não falar demais. Afinal, infelizmente, há algumas criaturas que se alimentam de frustrações alheias.
Então, plateia é bom. Principalmente quando você faz o que mais ama: no meu caso, cantar.
Fora isso, é bom aprender a ser plateia. Manifestar-se de quando em quando, entretanto, só quando necessário para o bem da sua humanidade.
So, voltar-se para o EU é bom sim. É ótimo, e deve ser feito sem tantas restrições.
Pois se as pessoas se voltassem um pouquinho mais pros seus próprios umbigos notariam algumas pequenas sujeirinhas (e assim poderiam se preocupar em limpá-las antes de querer colocar os dedos em umbigos alheios).
Não que devamos esquecer os outros. Longe disso!
Só uma questão de menos falar e mais ouvir/ver.
Bom, eu quero ser mais eu.
Curtir mais, temer menos.
Liberar as cordas vocais e soltar uns agudos afinados é sempre bom, ainda mais quando se ama cantar e se canta tão bem.
Há ouvidos por aí que querem escutar-me.
Disso eu sei.
Por isso acredito que tenha chegado nesse ponto: sem mais sapos para engolir. Pois que há melhores pratos a serem digeridos.
Vou soltar as notas.
Talvez desafine, pela falta de treino de tantos e tantos anos.
Mas de que vale acertar se não se sabe quando se erra?
Não é uma simples frase de efeito. É a mais pura verdade!
Dia 28 mudou, quase que radicalmente, a minha vida.
De uma simples sonhadora passei a ser uma cantora profissional.
Cantora profissional! Já pensou nisso?
Foram necessários alguns dias de ensaios no Rio de Janeiro (sim, Rio!!), doses diárias de inspiração na cidade, apoio incondicional da mãe e suporte de desconhecidos que se tornariam amigos meus depois para começar a minha vida.
Sim, comecei a viver de verdade a partir deste encantador momento.
De alguma maneira, sabia que 2011 seria um ano difícil e muito bom para mim.
Ao menos senti isso desde o começo dele.
Sabe quando tudo dá errado logo no começo e você pensa: se começou assim é porque deve ter uma grande coisa boa por vir (ao menos você assim deseja ser recompensada!).
Revisitar o Rio após quase 15 anos foi muito bom.
Não deu tempo de curtir a terra direito.
Eram muitas horas diárias de ensaios e muita concentração, além da chuvinha fatídica diária.
Foram 4 dias. No penúltimo deles tornei-me campeã. Ganhei o primeiro lugar.
Primeiro lugar? Nossa, há quantos anos não ganho o primeiro lugar (desde a medalha da sétima série como a melhor aluna da 7ª "C")!
Mas o melhor não é o troféu, a medalha ou o prêmio para Paris (sim, esse foi o prêmio!)!
Talvez duvidem, ou não acreditem, mas o melhor de tudo foi cantar.
Ter alguém para me ouvir.
Ser ouvida é a melhor sensação do mundo! Descobri isso desde a etapa regional do Festival.
E ser ouvida e cativar é melhor ainda.
Ver, mesmo que embaçadamente (por falta dos óculos), os sorrisos na plateia é incrível!
E pisar no palco? Sentir sob os pés aquele chão que te traz apoio suficiente pra te deixar dançar, sorrir, cantar, elevar-se... o palco é minha segunda casa. Ou talvez seja a primeira. É, acho que é a primeira. As demais são apenas temporárias que me confortam enquanto não retorno ao palco.
O curioso disso tudo é que sempre soube que não pertencia a um só lugar.
Nunca me vi fixada como os demais amigos e familiares.
Talvez já tivesse a certeza, desde pequena, que a música me levaria a lugares mil.
O palco é o único lugar que quero sempre retornar. Semanalmente, se possível.
No Teatro Maison de France eu não apenas conquistei o primeiro lugar. Eu me conquistei. Conquistei minha autoconfiança em mim mesma. É muito pleonasmo, eu o sei, porém, é necessário para reforçar o quanto passei a me dar mais crédito - já dado pela minha mãe, minha avó e alguns amigos.
Engraçado é pensar em tudo o que se passou por trás dos bastidores naquele dia 28: a chegada ao teatro com o taxista que queria te enrolar (mas você sabiamente deixando claro que conhecia o destino - ao menos tinha olhado no Googlemaps dias antes), o reconhecer do palco (admirando cada pedacinho daquele lugar encantador), as surpresas no camarim (pequeno, porém confortável, e cheio de lembranças boas - a nossa Piaf Brasileira tinha se apresentado lá, seria um sinal?), o sanduíche/janta na lanchonete da esquina com dois colegas de Festival, a preparação (que nunca acontece 100%, pois por mais maquiagem, creme de cabelo, aquecimentos que se faça você nunca está realmente preparada para o que vem) e o friozinho na barriga (um companheiro inseparável de quem quer fazer o melhor, sabendo que pode fazê-lo, mas desconfiando disso).
Pessoas passando no corredor estreito dos bastidores. Candidatos saindo e entrando. Sorrisos nervosos. Cantoraladas. Mimimis. Zumbidos. Águas e mais águas. Maçãs!
E começa o espetáculo! Casa cheia (percebo pelo ruído das conversas)!
Um a um são chamados os 8 candidatos vindos de várias partes do país: uma do Pará, um da Bahia, eu de Pernambuco, dois do Rio de Janeiro, duas de São Paulo e um do Rio Grande do Sul.
Aliás, como disse no vídeo de agradecimento (disponível abaixo), todos pareciam velhos amigos, incrivelmente! E é verdade!
Fui a antepenúltima.
Quando estavam para me chamar tive uma sensação estranha. Nunca havia sentido isso antes. Quer dizer, aquela era a segunda vez que me apresentava num palco sozinha, digo, acompanhada de uma banda. Porém, algo parecia me dizer que não ficaria satisfeita com minha apresentação. Algo iria acontecer.
Minha garganta começou a se fechar. A respiração começou a ficar ofegante. O coração pulsava tão forte que duvidava que voltasse à frequência normal em pouco tempo.
Mas o que estava fazendo? Deveria relaxar e não estar à beira de um ataque de nervos.
Nunca havia sentido borboletas no estômago antes (é, ainda não me apaixonei de verdade... ainda, deixo claro). A sensação é de pura impotência. Afinal, como controlar as tais borboletas?
Bem, mas controladas ou não eu teria que seguir adiante. Teria que caminhar ao palco assim que ouvisse meu nome.
Endie Eloah, Les P'tits Papiers.
Eita, tinha chegado a hora.
Caminhei em direção à luz.
E lá encontrei um grande amigo, que teria um papel de suma importância naquela noite: o microfone.
A voz não estava confortável. Não conseguia respirar direito entre as frases. O apoio necessário do diafragma estava fraco. Senti que não seria minha melhor apresentação.
De repente, algo me acordou daquele leve pesadelo. Algo que poderia ter-me prejudicado, mas que acabou salvando-me: uma falha técnica (ao menos é isso que acredito ter acontecido).
No começo da segunda estrofe, se repararem no vídeo da apresentação, poderão verificar que o microfone parou de funcionar por alguns segundos. 5 ou 10 segundos extremamente importantes pra mim!
Olho fixamente (e com tom de fuzilamento) para o controlador do som. Poxa, aquilo só aconteceu comigo? Por quê? Coincidência? Não acredito em coincidência!
O que houve a partir daí foi uma sucessão estranha de acontecimentos ao mesmo tempo: enquanto cantava, pensei em parar, em começar de novo - afinal, tinha sido prejudicada.
Entretanto, algo mais forte dentro de mim (talvez) me fez acreditar que seria muito melhor seguir cantando. Parar? Não! Mostre-se forte, confiante! Afinal, não foi você quem errou!
E segui. Segui sorrindo. E a garganta finalmente se abriu. As borboletas foram embora. Ao menos saíram do estômago.
Minha voz soou bem melhor do que antes.
Não foi minha melhor apresentação. Ela ainda estava por vir.
Agradeci ao público pelas palmas. Desci do palco e sentei-me na plateia.
Estava acabado.
Quer dizer, não poderia fazer mais nada além de esperar o óbvio: próximo ano tento novamente!
Ao menos foi isso que passou pela minha cabeça enquanto aguardava o resultado.
No máximo, se os juízes estiverem de muito bom humor, ficaria em 3º.
Quer dizer, havia cantores maravilhosos ali. Seria muito difícil me escolher. Todos foram bem, alguns melhores ainda.
É, tentei me confortar ao máximo. Estava convicta de que não estaria entre os 3 primeiros.
Subimos ao palco. Relaxada como nunca. O sorriso meio fraco, apesar da tentativa de aliviar a decepção com meu empenho. Mas não podia fazer nada. Quer dizer, acreditava que tinha dado o meu melhor dentro das possibilidades.
Terceiro lugar, a paraense, radicada em São Paulo, Natália Mattos, levou-o.
Caramba, lá se ia a última esperança de ganhar naquela noite.
Segundo lugar, o baiano, Gilson Couto.
Fiquei feliz pelos dois.
Mas quem seria o primeiro?
Começava a conjecturar em minha mente. Já tinha torcida organizada. Desejei muito que um de meus companheiros de Festival ganhasse.
Mas então, algo mágico aconteceu. Foram segundos que demoraram uma eternidade!
Ao olhar para o Diretor das Alianças Francesas da América Latina tive que desviar a atenção para uma colega que havia me dito um dia antes que eu ganharia.
Ela balbuciava alguma coisa e queria minha atenção.
Ela me dizia: 'Endie, você ganhou! Você ganhou!'
Porém eu não entendia.
Quer dizer, não era possível processar essa informação!
Não podia ter ganho. Talvez ela estivesse brincando.
Mas como poderia brincar naquele momento tão sério?
Então quando notei os olhares dos outros candidatos para mim percebi que aquilo começava a fazer sentido!
Foi quando escutei finalmente:'Eloah de Arruda'.
O primeiro nome escapou ao Diretor.
Talvez por isso aquele momento tenha durado tanto. Quer dizer, ele estava tentando decifrar como se diz meu nome.
Normalmente é assim que acontece.
Deveria ter suspeitado disso antes. Mas como poderia?
As borboletas voltaram.
É, vieram com tudo.
Passaram pela garganta, pelos olhos, pelo estômago e me encheram o peito.
Primeiro lugar Nacional do Festival da Canção Francesa.
Uau!
Caramba!
Eu ganhei? É, eu ganhei!
Mãe, eu ganhei!
As lágrimas vieram naturalmente.
Nunca tinha me sentido tão estupidamente bem na minha vida.
E tudo começava a fazer sentido.
O começo de ano ruim. A perda da minha preciosa amiga-irmã Laiza. Os pesarosos desafios familiares.
Tudo se encaixava.
Tudo tinha me levado pra aquele momento.
Não era o fim. Não foi o fim. Foi apenas o começo. O começo da minha vida.
O que aconteceu depois foi maravilhoso.
Recebi elogios do Diretor que me estimulou a seguir em frente e nunca desistir da minha carreira, porque eu tinha muito talento.
Agradeci emocionada a todas e todos que fizeram aquele momento possível.
Cantei novamente a música que me fez reconhecer, finalmente, a cantora profissional em mim.
Abraços mil. Emoções mil.
Telefonei ao amigo que me dera a oportunidade de estar ali, Thiago Correia.
Falei com a amiga e torcedora Tânia.
E saí com minha mãe e novos amigos a um Pub Irlandês da Lapa.
Aquela noite não podia acabar tão cedo! Não podia acabar!
Na manhã seguinte retornei pra 'casa'.
Ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido.
Mas o sonho começara. Agora, mais do que nunca.
A cantora finalmente despertara em mim.
E cá estou.
Cinco meses depois do acontecido relatando um pouco do momento mais feliz da minha vida.
Ao menos por enquanto. ;)
O meu muito e sincero obrigada a todas e todos que tornaram possível essa conquista.
Todos os que ajudaram e os que tentaram não ajudar.
Afinal, a gente cresce com todos eles.
Mês passado eu finalmente pude realizar um dos grandes sonhos, graças à conquista do Festival: conhecer Paris!
Mas essa é uma outra história. Num próximo post!
:)