segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Errata

Desculpem-me!

Começar um texto pedindo desculpas não é muito conveniente, mas, para mim, é necessário. Sou educada e aprendi comigo mesma que quando não estou me sentindo muito bem prefiro desculpar-me por não estar em um estado "comum" da minha personalidade.

Estive correndo durante todo esse tempo, com todo o gás possível, daquele que trás água salgada no corpo e respiração ofegante.

Parei!

Bruscamente!

E nem desacelerei, ao menos. Por isso, não impedi o tropeção. Tropecei. Arranhei. Arranhei alguns que estão ao meu redor e receberam o meu encontrão de mau humor recente. E ao ver o que fiz eu me machuquei (por que fiz isso?).

Nem pude prever a tontura que tomou conta de minha estrutura! Respiração pesada, assumo, difícil, entalada na garganta.

Sentei-me, para ver se melhorava a sensação incômoda. E vi as bolhas. Meus pés, acostumados a saltos baixos, feriu-se nos percalços dos caminhos tortuosos, que por vezes tive de correr de salto agulha.

Procuro um motivo para a corrida. E não o encontro.

Estou perdida, é isso!

Ai meu Deus, e eu ainda admito! Boba? Não sei! Verdadeira? É, talvez seja isso.
Para alguns, pode até ser mais um texto de Internet.
Para mim é um desabafo sincero. Uma colega que precisa de algo, mas ainda não sabe ao certo o quê.

Durante algum tempo, eu corri como se não houvesse amanhã. E, agora, descubro que nem sei se existe ou não.

Não sei para onde corro, quando corro, para quem corro. Para mim? Por mim? Não sei.

A mulher acostumada a dar esperanças espera não se acostumar a isso. Sentir-se perdida é parte do processo de evolução. Faz parte da caminhada. A diferença é que nem todos admitem suas fraquezas. Eu as admito porque gosto. Gosto de me enxergar através das palavras.

É claro que não gosto de estar assim: agoniada e sem rumo.

É estranho. Dá nó na garganta. E isso me faz explodir facilmente com pessoas queridas ao meu redor.
É ruim nem saber ao certo o que responder ao "Tudo bem?".

Aliás, respostas estão difíceis de serem acertadas. Não sei se o que falo, se o que escrevo é bom ou não. Ou pior, se o que entendo é o que deveria entender. E até bloqueio criativo estou tendo. E isso me incomoda bastante.

Não é a primeira vez que me perco. Mas é a primeira em que admito a mim mesma, e em alto e bom som.

O meu lado otimista não vai me deixar na mão. Ele aparece, aliás, lá no topo da montanha, me chamando.
Ele acena quase escandalosamente para mim, como se me chamasse para lá.

Só não sei para que lado essa montanha vai. Se para o Norte, Sul, Leste ou Oeste.

Sócrates me preenche: "Só sei que nada sei".

E só.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A solenidade e o (auto)reconhecimento

Olhos recém-chegados naquele ambiente solene estavam vidrados em cada movimento conduzido na cerimônia de posse coletiva. Noventa expectativas positivas diante do porvir na Instituição. Como se estivessem transformando aquele momento em mais uma fonte de orgulho no peito estufado que desbravou uma alta concorrência (1.500 x 1). Acompanhados pelos sorrisos e flashes dos familiares e amigos, irradiavam felicidade convertida em calor humano, mesmo em um ambiente acostumado a exigir rígidos casacos.

A emoção contagiou a todos. Autoridades presentes, servidores da casa e a jornalista que vos escreve. Um filme passava na mente enquanto aqueles novos colegas celebravam a conquista. "Tanto fiz para conseguir chegar aqui. Por tanto passei. E agora sou eu quem dou voz a um momento tão importante para eles", penso em meio a olhos marejados e confessados, enquanto presto atenção a tudo e todos para poder captar a essência do evento e retransmiti-la oficialmente no site do órgão. Este, um motivo de sorriso largo carregado há 1 ano e 8 meses. Afinal, como disseram todos os entrevistados em meio a olhares positivos, trabalhar numa Instituição cujo escopo é zelar pelo bem da sociedade é indubitavelmente confortante.

Isso não significa que seja um lugar onde temos regalias e pouco trabalho. Muito pelo contrário! O dever é arregaçar as mangas e mostrar-se útil ao compromisso honrado com nossa própria escolha profissional. Seja ela temporária ou não, enquanto lá estamos temos que ter a plena consciência de que existem milhares de pessoas que dependem de um atendimento adequado, de um processo bem elaborado, de uma matéria esclarecedora e de pessoas motivadas para dar conta do volume de demandas presentes diariamente. Funcionalismo público pode gerar pré-conceitos. Mas tenha certeza de que generalidades devem ser evitadas sempre que possível.

E ao voltar o pensamento aos novos integrantes da casa da qual faço parte confesso que não é possível converter em palavras o que presenciei hoje. A emoção externa e a comoção interna foram suficientes, apenas (se é que posso usar esse advérbio), para demonstrar que existem esperanças. Em diversas formas. Para quem chega, para quem já se instalou e para quem sai de lá com a única certeza de que pessoas são feitas de objetivos. E quanto mais eles são alcançados mais indescritível é a vontade de seguir querendo presenciar (e reconhecer) ainda mais conquistas como esta.

domingo, 11 de agosto de 2013

Uma questão de vírgulas

Fulana nasceu, estudou, trabalhou, aposentou e morreu.

Fulana nasceu, brincou, estudou, se divertiu, trabalhou, aposentou, viajou e morreu.

Fulana nasceu, brincou, nadou, correu, apanhou, estudou, se divertiu, leu, namorou, sorriu, trabalhou, se apaixonou, casou, amou, viajou, aposentou, curtiu, escreveu e morreu.

Fulana nasceu, brincou, nadou, escutou, pulou corda, correu, estudou, escreveu, leu, se divertiu, namorou, chorou, abraçou, sorriu, foi ao cinema, leu, trabalhou, levou não, estudou, levou sim, cantou, brigou, flertou, se apaixonou, casou, teve filhos, amamentou, amou, brincou, escutou, estudou, pós-graduou, viajou, foi a restaurantes bons, abraçou, escreveu, ganhou netos, escutou, cantou, sorriu, leu, construiu, aposentou, leu, escreveu, curtiu, sorriu, amou e morreu.

Fulana sou eu. Fulana é você. Fulana somos todos nós.

A semelhança é que todos sabemos o que vem antes da primeira vírgula e o que vem antes do ponto final.

A diferença é uma questão de vírgulas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Problema? Solução!

A importância que damos ao que pode nos causar aborrecimentos torna a nossa vida melhor ou pior. Tenho aprendido que nada e nem ninguém devem fazer murchar a nossa esperança de dias bons. Um sorriso não deve ser tirado porque apareceu um vazamento (real ou metafórico), ou porque alguém fez um comentário do qual você não gostou, ou porque não tem salmão na temakeria quando você foi.

Situações concretas mudam a argamassa da nossa construção. Para o bem ou para o mal.

Respiração mais profunda, batida cardíaca mais intensa, visão fechada e mais acurada depois de um evento ou notícia decepcionantes acontecem. Fazem parte. Não vivemos num mar de rosas. Se vivêssemos até estaríamos lascados (com a permissão da palavra), pois as rosas têm espinhos.

O primeiro passo trêmulo depois de um desapontamento é natural. Não é demonstrar fraqueza. Fraco é quem se opõe a ver a realidade. É quem maquia a fratura exposta. Tem conserto. Tudo tem conserto. Tem sim! Talvez não naquele exato momento fatídico. Mas tem. Futuro próximo ou distante. Tem. "Só não tem jeito pra morte", pode vir à mente. E é nessa que eu penso quando inicio o texto.

"Nossa, Endie, você está pensando na morte só porque recebeu uma notícia ou comentário do qual não gostou? Ave Maria!". Se alguém não comentou isso, ao menos deve ter feito uma expressão nesse sentido. Não quero morrer por conta de uma chateação. É nisso que penso. Morremos diariamente. Células morrem. Conceitos morrem. Tristezas e sentimentos negativos também podem desfalecer nesse bolo. Portanto, não quero perder preciosos neurônios com o trancar dos dentes. Já perdi muito com isso. Quero não perder novamente.

Afinal, o que vale mais a pena? Enfrentar o problema e buscar resolvê-lo ou se enfiar numa maré de desgraça mental e fazer do aborrecimento um fardo? Pensamentos cristãos ou não, é melhor acreditar que tudo vai dar certo. Custa nada tentar aproveitar mais o dia e menos o problema. Faça de si uma experiência. Não se problematize. Solucione-se!

domingo, 4 de agosto de 2013

Tempo perdido

Pessoas muito amadas querem que eu aprenda a viver melhor. Que eu sorria mais bobamente, core de alegria e sinta o sangue fervilhar ao escutar uma música que lembre um ser querido.

A conquista de um outro complementar é um dos maiores (melhores?) desejos de quem me acompanha e me cuida. Não que o objetivo seja lançar a minha felicidade nos braços, no perfume e nos abraços apertados de alguém. Querem apenas que eu possa ter o prazer de ver outros ângulos bons durante a minha caminhada.

Sou naturalmente romântica. Acredito bastante na ideia de seres que se conquistam no dia a dia e almejam momentos ainda melhores de paixão, respeito, companheirismo e viagens (de pés no chão ou não).

A questão que me propõem muitas vezes vem se tornando angustiante. Cadê? Não vai atrás? Sairá de casa? Sairá à caça? Caçar coração disponível não é o meu forte. Nunca foi e, provavelmente, nunca será. Prefiro minha visão idealista de conquistar - que seja primeiramente pelo exterior, visto que é assim que em geral acontece -, mas que não seja algo escolhido em um "cardápio" de um bar, de uma cafeteria ou de uma balada.

Não sei dar sinais. E nem os compreendo direito. Talvez uma olhada nem signifique que queira saber se tenho conta no Facebook. Aliás, essa ferramenta pode ser interessante para muitos estrategistas. Para mim, é bom ser 'curtida' por alguém que julgo atraente e interessante. Porém, o próximo passo após o meu sorriso por trás da tela não é de deixar um recado do tipo "que bom que curtiu a minha foto", acompanhado de uma carinha simpática. Esse sistema de sinais virtuais ainda é bastante delicado para a tímida romântica.

Quando falar? Como falar? Falar mesmo? E se falar e não for respondida? E se for respondida de maneira objetiva demais? E ainda faltam as reais expressões alheias. A tecnologia facilita, a tecnologia dificulta.

Ainda escuto uns puxões (internos e externos): "saia do computador e veja pessoas". Por mais idealista que seja, sempre preferi o real ao imaginário. Até porque sorrisos brotados de verdade valem muito mais. A questão é essa tal realidade.

Sei produzir textos criativos, cantar em francês como poucos, dançar um bom Zouk, conversar em 5 idiomas, fazer um omelete apetitoso, nadar, tenho ótimo senso de localização, sei atuar em peças e até fazer graça de vez em quando. Só não sei flertar! E nem gosto de tentar fazê-lo numa situação pressionante.

O psicológico bomba: "Hum, carinha interessante... Ele olhou! Não olhou... Não, olhou!... Espera, olhou pra você mesmo? Olhou pra você mesmo! Levantou! Ixi, é baixinho (deve ter menos de 1,75 cm) / é toradão / é gay?...".

Aposto que muitas pessoas passam por dúvidas parecidas. O problema é como lidar com elas. Honestamente, é horrível sair com plano de voltar para casa com uma lista de pretendentes. Não gosto de pensar que "não bati a meta imaginária da semana".

"Olhar não cai pedaço, Endie", escuto quase sempre. Mas eu olho! Agora, se o outro vai ter poderes especiais de notar os meus quase 10 segundos de olhada é outra história. Não precisa ser super-herói não! Até porque eles vivem ocupados demais e cheios de conflito existencial.

Em verdade, eu só quero ser notada num sistema mais tradicional: conhecemo-nos aos poucos em um ambiente comum, conquistamos simpatia, saímos e voilà! Ok, sem fórmulas secretas! Sem planejamento demais! Eu só não quero a pressão incômoda. É chata, me faz lembrar que o tempo perdido* está passando e me faz invejar (mesmo que numa versão saudável, se possível) quem tem uma boa companhia.

A vida é cheia de aprendizados. Estou buscando prestar atenção nas lições. E uma delas me diz que o que realmente desejo é poder sorrir para o outro sem ter que contabilizá-lo numa lista imposta pelo tic-tac do meu relógio emocional.

Na trilogia dos filmes que descobri recentemente, e que incluí na lista dos preferidos, uma das personagens lembra: "Nós estamos apenas de passagem"**. Então, eu só quero que a minha seja menos conflituosa e mais prazerosa.

Sou essencialmente feliz. Quem me conhece sabe disso. Só quero que o futuro namorado descubra isso de maneira pacífica - sem o uso de táticas dignas de guerra para conquistar território alheio.

Ainda acredito que temos nosso próprio tempo, como cantou o Renato Russo. E o meu é apenas diferente. Não significa que seja melhor ou pior do que aqueles que têm mais facilidade de se envolver em relacionamentos. É apenas o meu tempo.

E para a minha torcida constante, eu deixo o recado carinhoso (firme, mas carinhoso): "obrigada pelos conselhos, pelo apoio de sempre, pelo desejo de uma vida melhor. E, ainda mais, obrigada por me deixar escolher as melhores ideias, dentro de quem eu sou, por quem eu realmente sou".


*Faço referência à música que tanto gosto do Legião Urbana, Tempo Perdido ("Todos os dias quando acordo/ Não tenho mais o tempo que passou / Mas tenho muito tempo / Temos todo tempo do mundo...").

**A citação é do filme Antes da Meia-Noite (2013), terceiro da trilogia romântica que envolve ainda Antes do Amanhecer (1995) e Antes do Pôr-do-Sol (2004). Aliás, se fosse escolher uma maneira de gostar de um total desconhecido seria como no filme de 1995. Parece inimaginável conhecer alguém que mexa com você numa viagem de trem a Viena. Porém, quem disse que aventuras boas não acontecem na vida real? Eu acredito que sim. Só não quero deixar o trem passar. Mas até os vagões a serem observados quem tem que escolher sou eu. :)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Encontra-se!

Encontrei!

Uma mulher de quase 28. Quase 38, em ambos os pés. E quase 1,75cm (não vamos considerar 1,74 e meio, que é número quebrado demais).

Encontrei aquela que me impressiona a cada traço novo de batom escuro, recém-adquirido em viagem de férias.

A de cabelos cor de mel adaptado à metade de seus cachos bastante volumosos.

Encontrei uma que gosta de sorrir de canto a outro das orelhas, sempre adornadas com brincos, que acompanham colar ou anel combinado.

E ela fica tão mais bonita quando canta. Precisa ver quando canta sorrindo! É explosão de luz para todos os lados. Óculos escuros não te fariam mal.

Encontrei uma mulher que dança com presença desfrutada. Uma cuja tinta da caneta é feita de esperanças e criatividade fervilhantes.

O coração dela é como uma grande recepção. Sempre pronta a atender, a encontrar gente, a surpreender com a simpatia em ajudar. Prestação de bom serviço e de cuidados é um de seus lemas.

Há os hóspedes que decepcionam, claro. Uns recebem alerta. Outros, aviso de despejo e uma multa cara (pela exclusão de sua companhia e benquerença).

Encontrei nessa mulher uma leve tendência a defender os que gosta. Leve não, brava!

E desbravado ainda é o seu lado mais amoroso. Amorosa que só, a mulher que encontrei é especial que só vendo! Com um coração cheio de expectativas positivas, para conversas honestas e frutíferas, abraços longos e aguardados, beijos a serem compartilhados por um privilegiado, com uma modéstia de dar orgulho e um bom humor normalmente muito bem aceito (só não se esqueça de que ninguém é de ferro!).

Quem encontrei se mostra mais firme nas escolhas. Por maior influência de seu signo regente, a determinação para o que seu lado afetivo conquiste alguém de boa valia canta mais alto.

Os olhos brilhantes observam bastante o mundo ao seu redor, por trás das lentes astigmáticas e míopes.

Ela olha até encontrar.

Ela vai encontrar.

Afinal, ela passou a se encontrar!

sábado, 27 de julho de 2013

É permitido sorrir!

Aos 26 anos descobri o som da minha risada. Aliás, descobri os diferentes tipos de riso em mim.

- Um para quando a situação pede um leve sorriso (normalmente com a emissão de um "Hum-hum" breve).

- Um mais encorpadinho, com dentes à mostra, e tendência variando entre "Ran-Ran-Ran" e "He-He-He".

- E aquela que passou a me caracterizar nos corredores do ambiente de trabalho: a gargalhada. Esta não se compara à da Fafá de Belém, claro. Mas surpreende aos que a escutam pela primeira vez. É alta, aguda e tem um crescendo característico de quem está desfrutando bastante do momento.

É bastante libertador reconhecer-me com o direito de sorrir. Parece algo absurdo ou insignificante a ser pensado. Entretanto, para mim não o é, nem sequer um pouco.

Durante muitos anos de minha vida, fui proibida de sorrir. 

Não, você não leu errado! Isso, de fato, aconteceu.

A mulher vista por muitos como eternamente feliz, serelepe, incapaz de ter problemas de grandes ordens, teve momentos de alegria questionados.

Como isso me doeu (calada, mas doeu)! 

Proibir de fazer uma das coisas que mais amo foi como receber um tiro de fuzil no peito. Feriu, ardeu, incomodou. E deixou cicatrizes. 

E me intimidou. Deixei-me intimidar. 

Não sabia o que fazer. Queria evitar a briga, como fiz durante tantos anos. Odeio brigas, escândalos, barulhos. Odeio.


Porém, tolher-me de experimentar sensações de felicidade foi a maneira mais cruel que poderia ter me castigado por ser quem eu sou. 

O pesar permanece, ainda hoje, enquanto desbravo essas palavras com os leitores. Entretanto, a vontade de compartilhar a ferida é maior do que qualquer orgulho incomodado.

Não quero criar um carrasco, uma figura inimiga digna de desenhos animados. Até porque quem o projetou não fui eu. Ele, simples e (in)felizmente, existiu em parte de minha realidade.

A vontade, então, ao me descobrir capaz de não prender mais risos e demonstrações felizes de viver, é dizer-lhes que nunca hesitem de sorrir. É um bom exercício facial, faz bem às células, contagia e recarrega as energias consumidas em nosso dia a dia.

E gargalhe com gosto! Nem se importe com quem faça caras estranhas. Sinta que pode abraçar o mundo naquele instante em que o seu único desejo é parar o tempo - e dizer para si mesmo que a vida é capaz de ser muito melhor.

Porque, no final do dia, descobrirá que o que realmente vale é permitir-se ser feliz.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Notas baixas (e altas)

Nunca lidei bem com notas baixas. Chorei algumas vezes por ter perdido a oportunidade de ter ficado acima da média.

Foram poucas notas vermelhas. Mas houve.

Também nunca lidei bem com notas abaixo de oito. Afinal, no tempo em que a média era sete, se havia ficado com sete e pouco significava que estava no limite. Por pouco poderia estar abaixo do didaticamente permitido.

Nunca fiquei de recuperação. Nunca. Orgulho inflado no peito há anos. Desde os remotos tempos escolares.

Nerd? Por que não? Se sê-lo é gostar de estudar, então, o sou com honra ao mérito.

Caminhando pela lógica das notas, nunca lidei bem com comentários negativos. Críticas em geral.

Assumo que por trás da minha expressão diplomática, com leve balançar de cabeça e talvez sorriso raso, há uma série de questionamentos do tipo: "você acha de verdade isso?", "Como assim?" ou "Mas você observou direito?".

Não sou imune a críticas. Apenas penso que faço as coisas sob o melhor ângulo. E procuro fazê-las com o passar dos anos.

É difícil, bastante mesmo, ser cutucada. Porém, aos poucos, busco me libertar dessa amarra.

Porém, gostaria de fazer uma colocação necessária .

Por muitos anos de vida, apesar dos pensamentos contrários, o rumo foi seguir algumas críticas. "Sim sim não não" por vários lugares aonde passei.

A menina boa (e boba) deixava-se levar por pensamentos até infundados, a fim de evitar conflitos. Odeio conflitos. Odeio odiar, mas o ódio por conflitos é maior do que minha repulsão vocabular.

E fui, fui, fui e herdei cicatrizes que perduram por hoje e seguirão até o fim de meu ser físico.

Elas perturbam. Sempre que viro um pouco mais os olhos para dentro, elas estão lá. São uma parte de mim.
Carrego comigo, talvez, como desafios. Para me lembrar da ardência que algumas me provocaram.

Cresci acreditando, até há pouco tempo, que as tais críticas eram inconvenientes, mas necessárias. Nem todas, claro, o eram.

Há intenções e intenções. Vinganças em comentários visivelmente pretensiosos aos olhos mais atentos.
Entretanto, a vida só me forneceu uma visão mais clara de certos aspectos viscerais da humanidade quase recentemente.

De qualquer maneira, os olhos verdes (por vezes azulados, a depender da luz) viram coisas que não deveria. Ou, ao menos, deveria ser proibido em algumas épocas da vida.

Chorei muitas vezes. Parei a carreira de chorona desde que comecei a entender que lágrimas nem sempre me fariam vencer as decepções.

Desapontamentos regados a maçãs do rosto úmidas lhe enfraquecem perante o combatente.
Sendo assim, precisei secar um pouco o meu canal lacrimal, sempre pronto para novas defesas.
Aprendi a respirar melhor diante de momentos de angústia. E conheci um tom de voz em mim que nunca havia usado - não em situações difíceis.

Então, mesmo que ainda haja algumas notas baixas no meio da estrada, olhares ou comentários de reprovação por algumas atitudes minhas, sempre terei de lembrar do que realmente importa:
Nunca fiquei de recuperação! Não, espera, isso é importante para a sustentação do título de nerd, ok, mas, Endie, concentre-se! (levar bronca da consciência é lasca, né?)

Bem, o que realmente importa é que as notas vermelhas, azuis, verdes, roxas... estarão lá para lhe mostrar um detalhe do caminho. Não é o caminho todo. Afinal, se não fossem as provas seguintes, o zero amargoso em Física (um trauma carregado até hoje) teria me derrubado para sempre.

E na escola da vida, as provas nos mostram que simplesmente definir-se por elas é limitar a visão de possibilidades do tempo, do espaço e, por que não, do infinito.

domingo, 30 de junho de 2013

A 7ª arte das composições da vida

Édith Piaf, Charles Chaplin, Richard Gere, Luciano Pavarotti.

O que eles têm em comum?

O quarteto fantástico, assim os considero nesta semana que se encerra, ajudou-me a ratificar a direção de meus pés.

As vidas e as mensagens de Piaf e Chaplin mostraram que o sucesso nunca vem da maneira mais fácil.

Não aquele de subcelebridades. Mas o que marca, o que deixa o legado por gerações e gerações.

Gere me tocou o coração emotivo com a história "Para sempre ao seu lado". Incontáveis lágrimas escoaram no rosto impressionado com o exemplo de amor, companheirismo e lealdade entre o personagem dele e o cachorro fiel.

E o que dizer do mestre Pavarotti? A voz que ecoava em cada partícula de correntes sanguíneas dos amantes da boa música. Nessun Dorma mexe comigo a cada novo recarregar de energia.

Como me deixar desesperar pelos empecilhos da estrada, pelos buracos mais profundos, ou desvios mal realizados, se posso contar com tantas inspirações nas artes? E artes as quais amo!

A música me faz levitar perante os pedregulhos.

O cinema me faz aguçar o poder de ver a realidade para além do sistema 3D.

E me aperta os nós da alma quando vejo os rumos da luz na humanidade ao meu redor. Por vezes, sinto como se quisesse pegar os candelabros internos para despertar certos olhos cerrados sem rumo.

A mensagem é (e sempre foi) clara em mim: quero buscar a diferença. Sem louros. Só reconhecimento próprio da capacidade de agir mediante ferramentas lapidadas das quais disponho.

O poder de ajudar é intrínseco e congênito.

Sempre me questionei sobre o mundo. Desde cedo, ao observar as pessoas que me cercavam - na escola, na família ou até desconhecidos na parada de ônibus - tive a impressão de que elas precisavam de alguma coisa. E de que eu poderia fazer algo a respeito.

Nunca desejei super-heroísmo. Mas uma forma de abrir a mente dos que me pareciam perdidos (e não eram poucos).

A este ponto, alguém deve estar perguntando se a dona moça que escreve é alguma mulher aproblemática (permitam-me o neologismo, por gentileza) para querer ver um mundo melhor. Não! 
Talvez a diferença seja buscar encarar-me desta forma: tenho problemas, não os sou!

Claro que arranhões ficam, choros rasos (ou por algumas vezes bastante úmidos) aparecem, raivas despertam, agonias quebrantam no peito ainda jovem.

Porém, a mágica (e ainda creio nelas) é tentar não se esvair no fluxo intenso da possível repressão.
Repressão social, profissional, pessoal, interna.

Alguns deslizes a mais e você entrará para a estatística pulsante com a nada simples troca de consoantes.

Do "R" ao "D" você vai de uma pontual angústia a uma recorrente insatisfação de vida.

E a depressão é democrática, falando de uma maneira mais metafórica diante do mal deste século. Afinal, ela chega a todos. É só deixar.

Sou a favor da democracia. Mas esta não me deixa escolha senão afastá-la da minha realidade.
Pela música, pelo cinema, pela literatura, pelos exemplos reais, vejo-me capaz da proeza de viver em busca de uma paz interior. Em verdade, um sorriso interior.

Exteriorizando um desejo, gostaria de neutralizar o mundo. Num sentido mais harmônico, não robotizado.  

São tantos apertos de parafuso diários que fazem os seres olvidarem de escutar o som ao redor... 
Som que pode reportá-los até a um caminhar mais saudável.

É nisso que quero agregar. No som.
Sendo assim, somando aos que fizeram diferente, busco sonorizar os que quero acordar.

Vocalizações, sigam me preparando para o que puder fluir de melhor de dentro dessa otimista ambulante.

Até porque, como disse o mestre Chaplin, "você descobrirá que a vida ainda continua, se você apenas sorrir". :)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Amadurecimento (capilar)

Dois curtos fios brancos e uma vasta tecitura de questões.
O que me conduziu a eles?
De onde surgiram?
São apenas pedaços mal refletidos à luz artificial?
Quando começaram a perder as suas cores?

O peito, de primeira, não sabe o que preparar.
Um sorriso ou um olhar de espanto?
Um gesto tenso ou relaxado?
A primeira conquista desses fios chega aos 27.
Sinal de envelhecimento ou de maturidade?
Ou seria o tal do estresse?

Reflito em meio aos fios desencapados.
Eles não retomarão às suas cores originais.
Não naturalmente.
Marcas fixas que seguirão comigo pela longa (espero) jornada que me aguarda.
Por mais pinceladas que se dê, sempre darão um jeito de aparecer.
Sinais de resistência que derrotam a inocência.

Dois curtos fios brancos me denotam crescimento.
Tragam eles interpretação positiva ou não.
A moça, há pouco perdida nos 20 e poucos anos, não foge mais à luta interna.
O autorreconhecimento da fase adulta finalmente chega.
O ritual de passagem é sofrido para alguns.
Para mim, é a certeza da qual eu precisava.

Entre as diversas cores que me compõem nunca precipitei o branco.
E ele veio. Duplamente. Curto. Mas duplamente.
Sendo assim, pretendo tecer uma nova perspectiva interna.
Entrelaço nos dedos os fios e começo a bordar um presente mais claro.
Refutando o estresse, na medida do possível, peço que ignorem as minhas feridas de agulhas.
Afinal, os dedos calejados de quem tece são bons sinais de desenvolvimento pessoal.