sábado, 27 de julho de 2013

É permitido sorrir!

Aos 26 anos descobri o som da minha risada. Aliás, descobri os diferentes tipos de riso em mim.

- Um para quando a situação pede um leve sorriso (normalmente com a emissão de um "Hum-hum" breve).

- Um mais encorpadinho, com dentes à mostra, e tendência variando entre "Ran-Ran-Ran" e "He-He-He".

- E aquela que passou a me caracterizar nos corredores do ambiente de trabalho: a gargalhada. Esta não se compara à da Fafá de Belém, claro. Mas surpreende aos que a escutam pela primeira vez. É alta, aguda e tem um crescendo característico de quem está desfrutando bastante do momento.

É bastante libertador reconhecer-me com o direito de sorrir. Parece algo absurdo ou insignificante a ser pensado. Entretanto, para mim não o é, nem sequer um pouco.

Durante muitos anos de minha vida, fui proibida de sorrir. 

Não, você não leu errado! Isso, de fato, aconteceu.

A mulher vista por muitos como eternamente feliz, serelepe, incapaz de ter problemas de grandes ordens, teve momentos de alegria questionados.

Como isso me doeu (calada, mas doeu)! 

Proibir de fazer uma das coisas que mais amo foi como receber um tiro de fuzil no peito. Feriu, ardeu, incomodou. E deixou cicatrizes. 

E me intimidou. Deixei-me intimidar. 

Não sabia o que fazer. Queria evitar a briga, como fiz durante tantos anos. Odeio brigas, escândalos, barulhos. Odeio.


Porém, tolher-me de experimentar sensações de felicidade foi a maneira mais cruel que poderia ter me castigado por ser quem eu sou. 

O pesar permanece, ainda hoje, enquanto desbravo essas palavras com os leitores. Entretanto, a vontade de compartilhar a ferida é maior do que qualquer orgulho incomodado.

Não quero criar um carrasco, uma figura inimiga digna de desenhos animados. Até porque quem o projetou não fui eu. Ele, simples e (in)felizmente, existiu em parte de minha realidade.

A vontade, então, ao me descobrir capaz de não prender mais risos e demonstrações felizes de viver, é dizer-lhes que nunca hesitem de sorrir. É um bom exercício facial, faz bem às células, contagia e recarrega as energias consumidas em nosso dia a dia.

E gargalhe com gosto! Nem se importe com quem faça caras estranhas. Sinta que pode abraçar o mundo naquele instante em que o seu único desejo é parar o tempo - e dizer para si mesmo que a vida é capaz de ser muito melhor.

Porque, no final do dia, descobrirá que o que realmente vale é permitir-se ser feliz.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Notas baixas (e altas)

Nunca lidei bem com notas baixas. Chorei algumas vezes por ter perdido a oportunidade de ter ficado acima da média.

Foram poucas notas vermelhas. Mas houve.

Também nunca lidei bem com notas abaixo de oito. Afinal, no tempo em que a média era sete, se havia ficado com sete e pouco significava que estava no limite. Por pouco poderia estar abaixo do didaticamente permitido.

Nunca fiquei de recuperação. Nunca. Orgulho inflado no peito há anos. Desde os remotos tempos escolares.

Nerd? Por que não? Se sê-lo é gostar de estudar, então, o sou com honra ao mérito.

Caminhando pela lógica das notas, nunca lidei bem com comentários negativos. Críticas em geral.

Assumo que por trás da minha expressão diplomática, com leve balançar de cabeça e talvez sorriso raso, há uma série de questionamentos do tipo: "você acha de verdade isso?", "Como assim?" ou "Mas você observou direito?".

Não sou imune a críticas. Apenas penso que faço as coisas sob o melhor ângulo. E procuro fazê-las com o passar dos anos.

É difícil, bastante mesmo, ser cutucada. Porém, aos poucos, busco me libertar dessa amarra.

Porém, gostaria de fazer uma colocação necessária .

Por muitos anos de vida, apesar dos pensamentos contrários, o rumo foi seguir algumas críticas. "Sim sim não não" por vários lugares aonde passei.

A menina boa (e boba) deixava-se levar por pensamentos até infundados, a fim de evitar conflitos. Odeio conflitos. Odeio odiar, mas o ódio por conflitos é maior do que minha repulsão vocabular.

E fui, fui, fui e herdei cicatrizes que perduram por hoje e seguirão até o fim de meu ser físico.

Elas perturbam. Sempre que viro um pouco mais os olhos para dentro, elas estão lá. São uma parte de mim.
Carrego comigo, talvez, como desafios. Para me lembrar da ardência que algumas me provocaram.

Cresci acreditando, até há pouco tempo, que as tais críticas eram inconvenientes, mas necessárias. Nem todas, claro, o eram.

Há intenções e intenções. Vinganças em comentários visivelmente pretensiosos aos olhos mais atentos.
Entretanto, a vida só me forneceu uma visão mais clara de certos aspectos viscerais da humanidade quase recentemente.

De qualquer maneira, os olhos verdes (por vezes azulados, a depender da luz) viram coisas que não deveria. Ou, ao menos, deveria ser proibido em algumas épocas da vida.

Chorei muitas vezes. Parei a carreira de chorona desde que comecei a entender que lágrimas nem sempre me fariam vencer as decepções.

Desapontamentos regados a maçãs do rosto úmidas lhe enfraquecem perante o combatente.
Sendo assim, precisei secar um pouco o meu canal lacrimal, sempre pronto para novas defesas.
Aprendi a respirar melhor diante de momentos de angústia. E conheci um tom de voz em mim que nunca havia usado - não em situações difíceis.

Então, mesmo que ainda haja algumas notas baixas no meio da estrada, olhares ou comentários de reprovação por algumas atitudes minhas, sempre terei de lembrar do que realmente importa:
Nunca fiquei de recuperação! Não, espera, isso é importante para a sustentação do título de nerd, ok, mas, Endie, concentre-se! (levar bronca da consciência é lasca, né?)

Bem, o que realmente importa é que as notas vermelhas, azuis, verdes, roxas... estarão lá para lhe mostrar um detalhe do caminho. Não é o caminho todo. Afinal, se não fossem as provas seguintes, o zero amargoso em Física (um trauma carregado até hoje) teria me derrubado para sempre.

E na escola da vida, as provas nos mostram que simplesmente definir-se por elas é limitar a visão de possibilidades do tempo, do espaço e, por que não, do infinito.

domingo, 30 de junho de 2013

A 7ª arte das composições da vida

Édith Piaf, Charles Chaplin, Richard Gere, Luciano Pavarotti.

O que eles têm em comum?

O quarteto fantástico, assim os considero nesta semana que se encerra, ajudou-me a ratificar a direção de meus pés.

As vidas e as mensagens de Piaf e Chaplin mostraram que o sucesso nunca vem da maneira mais fácil.

Não aquele de subcelebridades. Mas o que marca, o que deixa o legado por gerações e gerações.

Gere me tocou o coração emotivo com a história "Para sempre ao seu lado". Incontáveis lágrimas escoaram no rosto impressionado com o exemplo de amor, companheirismo e lealdade entre o personagem dele e o cachorro fiel.

E o que dizer do mestre Pavarotti? A voz que ecoava em cada partícula de correntes sanguíneas dos amantes da boa música. Nessun Dorma mexe comigo a cada novo recarregar de energia.

Como me deixar desesperar pelos empecilhos da estrada, pelos buracos mais profundos, ou desvios mal realizados, se posso contar com tantas inspirações nas artes? E artes as quais amo!

A música me faz levitar perante os pedregulhos.

O cinema me faz aguçar o poder de ver a realidade para além do sistema 3D.

E me aperta os nós da alma quando vejo os rumos da luz na humanidade ao meu redor. Por vezes, sinto como se quisesse pegar os candelabros internos para despertar certos olhos cerrados sem rumo.

A mensagem é (e sempre foi) clara em mim: quero buscar a diferença. Sem louros. Só reconhecimento próprio da capacidade de agir mediante ferramentas lapidadas das quais disponho.

O poder de ajudar é intrínseco e congênito.

Sempre me questionei sobre o mundo. Desde cedo, ao observar as pessoas que me cercavam - na escola, na família ou até desconhecidos na parada de ônibus - tive a impressão de que elas precisavam de alguma coisa. E de que eu poderia fazer algo a respeito.

Nunca desejei super-heroísmo. Mas uma forma de abrir a mente dos que me pareciam perdidos (e não eram poucos).

A este ponto, alguém deve estar perguntando se a dona moça que escreve é alguma mulher aproblemática (permitam-me o neologismo, por gentileza) para querer ver um mundo melhor. Não! 
Talvez a diferença seja buscar encarar-me desta forma: tenho problemas, não os sou!

Claro que arranhões ficam, choros rasos (ou por algumas vezes bastante úmidos) aparecem, raivas despertam, agonias quebrantam no peito ainda jovem.

Porém, a mágica (e ainda creio nelas) é tentar não se esvair no fluxo intenso da possível repressão.
Repressão social, profissional, pessoal, interna.

Alguns deslizes a mais e você entrará para a estatística pulsante com a nada simples troca de consoantes.

Do "R" ao "D" você vai de uma pontual angústia a uma recorrente insatisfação de vida.

E a depressão é democrática, falando de uma maneira mais metafórica diante do mal deste século. Afinal, ela chega a todos. É só deixar.

Sou a favor da democracia. Mas esta não me deixa escolha senão afastá-la da minha realidade.
Pela música, pelo cinema, pela literatura, pelos exemplos reais, vejo-me capaz da proeza de viver em busca de uma paz interior. Em verdade, um sorriso interior.

Exteriorizando um desejo, gostaria de neutralizar o mundo. Num sentido mais harmônico, não robotizado.  

São tantos apertos de parafuso diários que fazem os seres olvidarem de escutar o som ao redor... 
Som que pode reportá-los até a um caminhar mais saudável.

É nisso que quero agregar. No som.
Sendo assim, somando aos que fizeram diferente, busco sonorizar os que quero acordar.

Vocalizações, sigam me preparando para o que puder fluir de melhor de dentro dessa otimista ambulante.

Até porque, como disse o mestre Chaplin, "você descobrirá que a vida ainda continua, se você apenas sorrir". :)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Amadurecimento (capilar)

Dois curtos fios brancos e uma vasta tecitura de questões.
O que me conduziu a eles?
De onde surgiram?
São apenas pedaços mal refletidos à luz artificial?
Quando começaram a perder as suas cores?

O peito, de primeira, não sabe o que preparar.
Um sorriso ou um olhar de espanto?
Um gesto tenso ou relaxado?
A primeira conquista desses fios chega aos 27.
Sinal de envelhecimento ou de maturidade?
Ou seria o tal do estresse?

Reflito em meio aos fios desencapados.
Eles não retomarão às suas cores originais.
Não naturalmente.
Marcas fixas que seguirão comigo pela longa (espero) jornada que me aguarda.
Por mais pinceladas que se dê, sempre darão um jeito de aparecer.
Sinais de resistência que derrotam a inocência.

Dois curtos fios brancos me denotam crescimento.
Tragam eles interpretação positiva ou não.
A moça, há pouco perdida nos 20 e poucos anos, não foge mais à luta interna.
O autorreconhecimento da fase adulta finalmente chega.
O ritual de passagem é sofrido para alguns.
Para mim, é a certeza da qual eu precisava.

Entre as diversas cores que me compõem nunca precipitei o branco.
E ele veio. Duplamente. Curto. Mas duplamente.
Sendo assim, pretendo tecer uma nova perspectiva interna.
Entrelaço nos dedos os fios e começo a bordar um presente mais claro.
Refutando o estresse, na medida do possível, peço que ignorem as minhas feridas de agulhas.
Afinal, os dedos calejados de quem tece são bons sinais de desenvolvimento pessoal.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Comércio do Amor (e as amarras sociais)

Corações invadem as ruas, as televisões, as redes sociais.

Vermelho e rosa perpetuam a tradição comercial de amores eternos.

E o sinal de alerta daqueles que dizem "pelo menos não tenho que gastar dinheiro" pisca (e incomoda) por trás dos olhos meio lacrimejantes da alma.

Cheiro, textura de cabelo, jeito de andar, marca no rosto, expressão de nervosismo, estilo do sorriso, maneira de abraçar, toques dos lábios. Traços desconhecidos permeiam a mente à procura.

Quando será?
Quem será?
Como será?

O 'quando' sempre é o mais angustiante das dúvidas.
E a cobrança aparece com juros e correções monetárias (em Euro, diria) no tal dia 12 de junho.

Dia da escravização comercial amorosa e da tortura dos que estão na pista para dançar, mas sem rumo certo.

As parcelas de amor são para 60, 90 ou 120 dias. Torça, então, para que até o final do pagamento a esperança esteja ao seu lado.

Enquanto isso, seguem os que pouparam no bolso, mas não nos doces, baladas e filmes românticos para preencher o que deixaram de gastar. Economizaram financeiramente, mas não em calorias (ou até em neurônios).

E no meio da poluição visual puramente capitalista um coração romântico bombeia músicas. Daquelas que aquecem e fazem até tremer nas bases.

É para o amanhã, que se faça hoje, que a moça educada sente uma imensa vontade de cantar. O dia pressiona. Mas, novamente, me demando a real necessidade das pressões sociais.

Já não bastam os comentários comumente recebidos nesta época: "você está solteira porque quer", "não é possível que não tenha alguém em vista" ou "quem sabe no próximo ano".

Minha expressão sempre foi extremamente profissional. Do tipo: "Sei...".

Não há próximo ano se não existe hoje. É meio óbvia essa conclusão. Porém nem todos conseguem enxergar isso.

'Não deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã' é bem típico de muita gente.

Então, como não quero estar incluída neste hall digo, de peito e cordas vocais abertos: eu vou conseguir!
Independente de necessidade social, isso eu quero (e mereço).

E se você, mulher ou homem, acreditar no seu potencial de viver sem a pressão dos muitos frustrados que buscam a felicidade desencontrada deles em você, então, pense positivo e mande esses para longe (polidamente, por favor!).

Já não bastam as cobranças internas - e as midiáticas - para lhe fazer lembrar do que, provavelmente, você nem quer.

Mas no final das contas, pagas ou não, o importante é pensar positivo.

E, como venho repetindo em textos passados, amar-se!

Não precisa ser poliglota ou multifuncional como eu - o que me faz ter um orgulho danado!

O importante é reconhecer-se capaz de amar. A começar pelas próprias células.

Ame-se e lasque-se quem não gosta!

A malcriação é necessária. Ao menos assim você lembra que pode se livrar de algumas amarras sociais.

Sei que ainda vou cantar para alguém com o maior carinho e brilho nos olhos possível. Sorrisos vão ser trocados. E haverá a certeza de que isso vale muito mais a pena do que qualquer perfume de O Boticário ou cesta de bombons compartilhados nas redes sociais.

domingo, 9 de junho de 2013

Cáriência emocional

Eu e meu cartão de visitas
Nunca tive cáries!

Fogos de artifício dançam no céu da boca em nome de uma conquista a longo prazo.

Uma placa de honra ao mérito higiênico se instala em cada dente desta moça disciplinada.

Após uma respiração de alívio, vinda com bastante energia dos ventrículos, sugeri-me a ideia deste texto. Faz-se necessário compartilhar uma notícia que traz uma importante reflexão sobre situações cotidianas.

Há três semanas fui levada a um dos sustos mais impactantes de minha organizada vida: estava com princípio de cárie em dois dentes. A mulher do sorriso marcante amarelara cada intenção de felicidade que pudesse advir de momentos conquistados, pois como poderia sentir a janela da alma quando dois parafusos dela estavam quase enferrujados?

O drama parece inapropriado. Mas experimente dizer ao rouxinol que o seu canto já não é mais o mesmo de outrora, pois estaria emitindo um som mais fraco. Meu cartão de visitas é meu sorrir. E restaurar alguns dentes seria dar um retoque, mesmo que de leve, na Monalisa. Sim! É assim que me vejo.

Após uma semana de lamentações, 'autobroncas' e questionamentos infindáveis, aceitei a futura situação.

Porém, nada acontece por acaso. O plano de saúde não reconheceu a doutora. Troquei de clínica e voilá!
Um raio-x profundo e profissionais mais qualificados me deram a notícia do mês: estava limpinha (e de parabéns por ter chegado à fase adulta sem qualquer problema dentário)!

Sorriso voltou a mil. Pulos de alegria (e eu pulo mesmo, sabe disso quem me conhece) e uma súbita preocupação: e se eu tivesse me deixado levar pela doutora irresponsável?

A análise se estendeu, como sempre o faço.

Quantas vezes nos deixamos levar pelos primeiros diagnósticos que a vida nos traz? Pessoas, mesmo com intenções simpáticas, podem nos levar a caminhos de restaurações futuras totalmente dispensáveis.

Por pura síndrome de cáriência emocional (termo criado por esta autora), podemos ser conduzidos a situações inapropriadas. Ainda mais se você for do meu estilo: um ser humano movido pela emoção.

Em nome de autoridades constituídas (pai, doutor, chefe, líder), a obediência pode ser um guia falido.
Não falo em duvidar de todos. Mas em não acreditar em tudo de primeira.

A sociedade dos irresponsáveis está aí, para quem quiser abrir os olhos e ver. Há tantos com poderes maiores que os deuses da mitologia nórdica, e com a mente de doentes desnorteados!

Escamotear a razão é, algumas vezes, deixar-se pisar numa trilha de parafusos enferrujados.

Por isso, é importante manter a visão clara e aberta sobre o que acontece em nossas vidas. Não precisa se tornar um neurótico. Apenas mantenha seu exame de vista em dia e não confunda um sinal de vire à direita com um de siga em frente.

Errar é humano. Deixar-se errar por um outro humano por cáriência emocional pode ser irreparável.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ah, Coragem

Não me lembro onde perdi a mão dela!
Estava bem próxima de mim durante tanto tempo.
E num piscar demorado de olhos, pluft, ela se foi.

Era uma parceira de aventuras, uma amiga incansável.
Sobrava-me tempo até para querer mais.
O presente era mais intenso e menos questionado.
Numa dança constante pelo alcance desafiado.

Olhei para o céu, por um instante.
E no abobalhar desprendi-me do que me impulsionava.
A graça e a disciplina estrita me puxaram as mãos.
Passava a nem ter mais os pés tão leves de outrora.

Botinas me guiaram a direções menos cômicas.
E o interior da mente se expandiu num mar balsâmico.
A calmaria rendeu-se ao título de paisagem intocável.
Nas aparências polidas escondiam-se potências duvidadas.

Se saudade pusesse temor ela, então, não buscaria ressurgir.
Para que a mulher em constante imposição
Pudesse elaborar um reconhecimento infeliz
De que a vida sem ela a destrona de aprendiz (como bem sempre quis).

Então, onde ela estará?

Em meio ao medo que persiste em se travestir de conforto sutil, repenso em aprender a procurá-la.

Faço da minha falta de autodesafios em exercícios aeróbicos um bloqueio de benquerença.

E nas atividades simples secarei as possíveis lágrimas de angústia antecipada para dar lugar, mesmo que em passos desequilibrados, à busca por ela que já me fez tão melhor.

É nela que minhas mãos preferem se apegar.

Que o medo se prepare para que o equilíbrio libriano faça acontecer, enfim. Ou melhor, em começo de uma boa caminhada.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Descoberta inevitável (e benquista)

Há alguns posts questionava o amor.

Venho, então, retificar o desconhecimento deste bendito e intrigante sabor da vida. 

Como não reconhecê-lo? Ou experimentá-lo tão de perto, close suficiente para brotar sorrisos espargidos em cada membrana celular de meu corpo esguio?

Amar-se é impulso para o bem viver. A tal da qualidade de vida, buscada nos debates sociais, começa por dentro. E sem teorização vetusta, por favor!

Já experimentou cuidar de si? Caminhar sob o Sol sentindo o carinho dos raios penetrando em cada traço de sua epiderme? Saborear cada gole de água minerando as suas glândulas salivares? Permitir-se sentir o vento em seus cabelos (mesmo que acabe produzindo um nó digno de marinheiro)? Olhar para o mapa no final de suas extremidades superiores e descobrir caminhos percorridos e a serem desbravados? E até admirar os seus incisivos num exame rotineiro de raio-X panorâmico?

Loucura ou egoísmo exacerbado? Amor próprio! É gostoso e recomendo!

É bem mais tentador ingerir comidas descartáveis e impuras de saúde. Mas o tempo a mais dedicado ao preparo atento e gentil de um bom e saudável prato é mais tempo de oportunidades a frente.

Venho ratificando a teoria de que abdominais servem como grande provação de amor. Quem as faz com gosto (sabendo do esforço que cada subida e descida valem) conhece o que é se respeitar. Manter o pique é difícil, muitas vezes desestimulante (pelo lado da preguiça). Mas quem disse que o amor não pede provas constantes de manutenção?

Respeitar-se é viver sem fronteiras. É diplomar-se em direção a uma vida mais justa. Afinal, com amor se tem mais chances de enxergar arco-íris no fim da montanha de cada dia.

A partida é do autoconhecimento. É mais fácil elaborar resenhas sobre a Teoria do caos do que sobre você mesma(o). Porém, como é bom descobrir, por exemplo, que recarrega a sua energia admirando as nuvens, comendo pão doce com ovo frito ou lendo Luis Fernando Verissimo!

Já experimentou ler o que de fato gosta? Fundamental presentear a mente com o prazer das letras justas de um autor admirado.

Recentemente, peguei-me admirando as minhas novas curvas braçais. Os bíceps 'de sempre' se prontificavam mais empolgados a cada passar do fio dental. Até a escovação pareceu tornar-se mais interessante.

Na composição semanal, estou procurando harmonizar alimentação e exercícios físicos e mentais. Evitar se agredir com gostos amargos e desleixados é fundamental na caminhada.

Até porque não ter preguiça de se cuidar é reconhecer a melhor oportunidade de investimento. Visto que para ser amada(o) é preciso se amarrar a quem melhor lhe representará em qualquer situação: você mesma(o).

Para quê se entupir de frivolidades se os espaços internos podem ser muito bem preenchidos de cuidados?

Então, que autodescobertas, saladas, pilates, gostos e leituras prazerosas integrem a realidade mais válida dos que desejam viver bem. E viva o próprio amor!

sábado, 11 de maio de 2013

Escrita do ser

Estranho seria se eu fosse comum, mais uma na linha de produção em série.

Os meus botões tons de lilás bordô (por que não podem ser diferentes?) refletem diante de uma pergunta simples depreendida após a elaboração de um artigo da pós: conseguirei elaborar a tal monografia exigida, sendo acadêmica a ponto de não identificar a minha própria escrita?

Se não sou uma mera cópia, então por que minhas sementes seriam?

Amo escrever como um pássaro ama voar. É algo necessário e prazeroso.
Penas ao vento são como os dedos a curtirem o sobe e desce das teclas do notebook.
Até os calos rosa avermelhados, causados por uma escrita descarregada em Bic azulada durante um momento de dispersão mecânica, não me impedem de seguir amando a escrita.

Independente da pauta, minha paciência e minha dedicação à inspiração entusiasmada seguem a pressões firmes em cada letra agrupada, sílaba formada, frase originada.

E assuntos diversos se fundem naturalmente, como dançarinos de ritmos variados unidos numa grande performance: Comunicação, Biologia, História, Física, Direito... São tantas áreas que pedem espaço em minha fértil mente que não tenho como negá-las atenção, em especial pelo meu senso benevolente de ser.

A natureza investigativa não me deixa uni-los sem a devida consulta à minha bússola literária: o dicionário.

Sim! Como eu gosto de pesquisar verbetes, descobrir significados, deleitar-me em meio a tantas possibilidades de me expressar melhor!

Em tempos de "agente", "quizer" e conjugações bizarras, a martelar dolorosamente a sua bigorna (a ponto de perder estribos), caçar palavras no pai dos burros original virou até motivo de surpresas humanas.

Fazer o quê se sou um ser que gosta de ser mais? Notem: ser (e não ter)! Possessividade material não perece comigo. Pesos diferentes para medidas distintas!

Sendo assim, antecipo-me a futuros questionamentos acadêmicos sobre o rumo de minha futura monografia.
Adianto as caras e indagações de uma percepção distraída de um paradigma sustentado por acadêmicos pavonados pela manutenção da ordem.

Sustentar anos de formalismo não deve ser tarefa açucarada. Ainda mais sabendo-se do veneno que a substância pode vir a ser. Defendo o direito a visões próprias. Por isso, respeito igualmente as produções diferentes. Enrijeça-se, enquanto eu planarei.

É evitando realizar um trabalho excessivamente aspeado que seguirei na ideia insigne de me fazer presente não apenas na minha assinatura, mas na impressão digitalizada das minhas proposições.

Evoco, então, a defesa do admirado Mark Twain, firmando as aspas neste texto por uma necessidade bastante justificável.

"Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra."

Então, invocando os oboés, violinos e pianos internos (instrumentos, por mim, tão cativos), sigo nessa sinfonia vital a fazer pertencer os meus padrões literários a mais uma categoria a ser considerada pela batuta dos maestros acadêmicos (e pelos não acadêmicos também). Pelo direito de ser eu mesma. Sem amarras, a postos para caretas amargas, por uma vida menos ditada.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Parecer técnico

Estou bem, mas quero mais. Conformismo não comporta espaço em mim. O que me cabe é a sensação válida de que preciso de pessoas em contextos mais dinâmicos.

A ação social ainda pouco se manifesta. A realidade se faz condicionada a percursos simples e repetitivos. Rotinas são confortáveis, mas incomodam. Um paradoxo logístico que faz entrar uma constante proteção de tela do Windows no meu painel cerebral.

Sou feliz percebendo-me uma pessoa sociável. O que me falta é achar a senha de desbloqueio interno de uma cultura de autoproteção.

Em muitos contextos sou identificada como um ser comunicativo, com habilidade simpática (e parassimpática) de convivência. Conveniente acreditar que isso me basta? Ao contrário! Ao me perceber com potencial gerenciador de sorrisos alheios é que me credito uma postura menos formal de ser.

É por não querer me sentir com um manual de fábrica integrado, buscando não ser previsível e mecanicista demais, que elaboro esse parecer técnico sobre quem vos comunica.

Afinal, recargas de imprevisibilidade incontida podem ser muito bem-vindas.